
As Donas Da Rua busca analisar a presença negra no mercado de alimentos, produtos de baixo valor e crédito na região compreendida por Vila Rica e Vila do Ribeirão Carmo, posterior cidade de Mariana, no período compreendido entre 1720-1800.
Por meio da análise de bandos, editais, devassas, testamentos e inventários, conseguimos recuperar aspectos da participação de africanas e suas descendentes no comércio local.
A atuação negra no pequeno comércio (há algum tempo vem sendo considerada na historiografia nacional), poucas vezes foi questionada com relação ao papel mercantil desempenhado por vendeiras, negras de tabuleiro e quitandeiras. Assim, são esses aspectos que nos conduziram inicialmente na pesquisa.
Mulheres de origem africana, destacadamente da porção ocidental desse continente, adentraram os sertões da América portuguesa e neles se envolveram com a venda de alimentos e objetos de baixo valor denominados genericamente de “miudezas”.
O comércio de secos e molhados renderia a essas pessoas meios de sobreviver e mesmo de acumular algum pecúlio. Concomitantemente, a presença dessas agentes mercantis garantia o abastecimento de uma parcela importante da população das vilas setecentistas.
De acordo com Antonil, o comércio era a mais eficiente forma de se obter ouro sem o trabalho de extraí-lo, o que levava muitas pessoas a investirem na venda de alimentos e outros produtos necessários ao cotidiano do trabalho e das casas.
Diante das ameaças de fome que assolaram o sertão mineiro nas primeiras décadas do século XVIII, a venda de alimentos era atividade basilar e lucrativa.
Já a partir de meados da década de 1720, quando o problema da fome já não era ameaça tão iminente, o fornecimento de produtos à população local ampliava-se na qualidade e quantidade dos itens, fruto de uma demanda maior e mais diversificada.
