Paris: Capital Da Modernidade

Um dos maiores intérpretes do marxismo e da sua complexa tradução para o contexto capitalista atual, David Harvey tem especial afeição pelo estudo das transições desse sistema, por meio das quais essa fantástica estrutura de acumulação se ajusta às crises e renova sua força, sempre pelo caminho da dominação e da espoliação.


A passagem da modernidade à pós-modernidade e da acumulação rígida à flexível, as interações entre os diferentes circuitos do capital para superar as crises de superacumulação e a atual intensifi cação do imperialismo opressivo são transições já abordadas pelo autor. Processos com rupturas mais ou menos drásticas, porque “nenhuma ordem social pode conseguir mudanças que já não estejam latentes dentro de sua condição existente”, mas que na sua fragilidade podem tanto desembocar em uma alternativa revolucionária quanto em rearranjos que reforçam o capitalismo e sua perversa capacidade de destruir para renascer.
Na sequência da Revolução de 1848 e no contexto do bonapartismo, “capital e modernidade se uniram” na Paris do Segundo Império para enterrar de vez o utopismo, o romantismo, a manufatura artesanal e outros resquícios do feudalismo. Em 1848, o capitalismo já em marcha havia gerado “profunda e disseminada” crise de superacumulação, tendo como efeito uma “tragédia humana” de tal gravidade que, para Harvey, “a reforma do capitalismo ou sua derrubada revolucionária encaravam todas as pessoas”.
Foi assim que os esforços para a construção da modernidade, apoiados no mito de uma ruptura radical com o passado, garantiram uma transição que redesenhou a cidade, sob a batuta de Haussmann, pela lógica da especulação imobiliária e da subordinação aos mercados financeiros. “Liberado de sua camisa de força feudal, o capital reorganizou o espaço interno de Paris segundo princípios que eram exclusivamente seus.” Ou seja, segundo os interesses dos políticos, banqueiros e proprietários fundiários.
Em Paris, capital da modernidade, Harvey mostra um dos mais expressivos momentos de “compressão espaço-tempo”, em que se acelera drasticamente o ciclo de acumulação capitalista. A reconstrução urbana, as novas tecnologias, o florescer do sistema de crédito e do consumismo ostentatório são vistos não só pelos seus efeitos materiais, mas também pelo seu impacto nos costumes, nas “relações sociais e imaginações políticas”, analisadas pelas suas representações nas artes e na literatura. Tudo isso com o pano de fundo da consequente intensificação da luta de classes que, no fim, levaria à queda de Napoleão III, à experiência da Comuna e ao seu sangrento fim, abrindo caminho para a consolidação definitiva do capitalismo industrial.

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