
Nossa abordagem almeja pensar filosoficamente questões educacionais, mais precisamente, questões relacionadas ao ensino de filosofia na academia brasileira, a partir da filosofia da existência camusiana. Ao trabalhar com Camus, não pretendemos fazer uma leitura apologética nem uma crítica apressada ao autor de O Mito De Sísifo. Nosso objetivo é refletir sobre como, a partir da fratura que há entre o homem e o mundo, é possível pensar um ensino de filosofia que não frature também sua relação com o ato de filosofar.
Nossa pretensão é elaborar uma proposta relacionada diretamente com a experiência de vida, estabelecendo, assim, limites e possibilidades de pensar o ensino de filosofia no cenário universitário brasileiro, a partir dos conceitos camusianos.
Nossa análise da obra camusiana será centrada no ciclo do absurdo e da revolta, nos ocupando, sobretudo, de O Mito De Sísifo e O Homem Revoltado – obras em que Camus desenvolveu seus principais conceitos, a saber, absurdo e revolta, assim como sua crítica ao suicídio e ao assassinato. Não é nossa pretensão fazer de Albert Camus um teórico da educação, tampouco apresentar uma proposta camusiana para o ensino de filosofia. O que pretendemos é, a partir do alargamento de alguns de seus conceitos, pensar uma proposta para o ensino de filosofia.
Este livro é composto por três partes. Na primeira parte investigaremos os pilares do pensamento camusiano. Iniciaremos nos perguntando se Camus é filósofo e, em caso afirmativo, se ele seria um existencialista. Para responder a essas questões, utilizaremos, como fontes principais, entrevistas feitas com o autor e seu ensaio sobre o absurdo, tentando defender que Camus é um filósofo, apesar de não fazer profissão de filósofo, sendo a sua filosofia ensaística e por meio da literatura.