Daniel Leb Sasaki faz a reportagem definitiva sobre o desaparecimento de uma das maiores empresas da história do país: a hoje quase esquecida Panair do Brasil – fechada por ação do governo militar, em 1965.
Pouso Forçado reconstrói as conquistas da companhia no Brasil e no exterior, expõe o complô político e comercial articulado para derrubá-la e revela a antipatia dos governos militares com os acionistas brasileiros que a nacionalizaram.
Sem qualquer aviso prévio, a Panair teve suas concessões de linhas cassadas e os voos entregues às concorrentes Varig e Cruzeiro. Em seguida, foi fechada sem direito de defesa.
A obra denuncia a série de ilegalidades e violações de direitos praticadas por magistrados, militares e pelos próprios representantes do Estado brasileiro no processo.
Esta obra de Daniel Sasaki é impactante, primeiro porque apresenta uma verdade, e segundo porque se trata de uma verdade arrancada das entranhas da ditadura militar, cuidadosamente escondida inclusive pelos governos democráticos que vieram depois. Por quê?
Porque admitir a verdade custará muito caro aos cofres públicos federais, tal a enormidade das lesões que seus agentes causaram ilicitamente ao patrimônio da Panair.
Em consequência, há um consciente conluio em perpetuar a imoralidade em defesa do Tesouro Nacional. No Brasil, existe esta velha cultura: a prática da inconstitucionalidade ou ilegalidade, ou abuso, deve ser rigorosamente punida, salvo se os cofres públicos tiverem que arcar com indenizações. Neste caso, tudo passa a ser legítimo, ou finge-se que é.
Na porta do Tesouro Nacional deveriam escrever a frase: “É assegurada impunidade aos atos ilícitos indenizáveis pela União.”
Neste trabalho, o jovem Daniel Sasaki narra em detalhes a tragédia da Panair, de seus proprietários, de seus funcionários, de suas conquistas no Brasil e no exterior.
Tudo violado, roubado, destruído, porque os militares não gostavam dos acionistas brasileiros que nacionalizaram a companhia americana ao adquirir o controle acionário da empresa aérea mais eficiente do Brasil.
E desejavam beneficiar o concorrente, Ruben Berta, presidente da Varig, que claramente corrompeu os brigadeiros encarregados da execução do contrato de concessão das linhas aéreas.
No dia em que o governo cassou as concessões da Panair, a Varig já estava com aviões prontos para realizar os respectivos voos na mesma noite. Ruben Berta fora informado antes do Diário Oficial.
Sem poder voar, a Panair requereu concordata, distribuída à 6ª Vara Cível do Rio de Janeiro, naquele tempo Estado da Guanabara. Pois o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes, foi pessoalmente ao fórum carioca falar com o juiz da causa.
Proibiu-o de deferir o pedido e mandou decretar a falência. Até então um homem de respeito, famoso pelo slogan “O preço da liberdade é a eterna vigilância”, o brigadeiro mergulhou na frase de Paulo Brossard: “A Revolução perdeu a honra!”