Tucídides

Dagmar Manieri & Domingos Wilson P. Da Costa - Tucídides: Política E História Na Atenas Antiga

Tucídides, em muitos intérpretes, recebe uma leitura como o primeiro historiador de uma forma inédita de discurso histórico. Nele há uma “nova” história em contraposição aos outros historiadores gregos como Heródoto, por exemplo.

Quando François Hartog comenta sobre a obra de Dionísio de Halicarnasso, Antiquités romaines, verifica-se a importância de Tucídides para o campo da história. Segundo Hartog, os escritos de Dionísio são interpretados pela historiografia alemã do século XIX e início do século XX como uma história de segunda classe.

O próprio Dionísio é denominado por esta geração positivista alemã de graeculus: um grego de segunda categoria. É neste instante que Hartog comenta que na Sorbonne se efetiva a representação da história como um campo de saber, “como ciência positiva”; neste momento, “Tucídides tende a ser reconhecido como pai dessa história, (...)”.

Já Dionísio de Halicarnasso é entendido como um retórico, pois “não tem (e não pode ter) as provas de suas afirmações, mas procede como se tivesse à disposição esse material: ele finge a exatidão e a sinceridade”.

Esse percurso singular também pode ser percebido na época moderna, contexto no qual Tucídides também é valorizado. Na visão de Hobbes “(...) ele torna seu ouvinte um espectador, pois ele situa seu leitor nas assembleias populares e no senado, em meio a seus debates; nas ruas, em meio as suas dissenções; e nos campos, em meio as suas batalhas”.

Um século posterior, Rousseau também faz um julgamento positivo do historiador grego. O Iluminista afirma que por um primado da “verdade, [Tucídides] narra os fatos sem julgar; mas não omite nenhuma das circunstâncias suscetíveis de nos fazê-los julgar nós mesmos.

Põe tudo o que conta sob os olhos do leitor; ao invés de se interpor (...), ele se afasta; não pensamos mais ler e sim ver”. Podemos citar outros exemplos: desde Lorenzo Valla no Quattrocento até os “alemães tucidideanos” como Ranke, Barthold Niebuhr e Eduard Meyer.

Tucídides é elogiado pelos requisitos historiográficos (sobretudo a abordagem política) que marca o início de uma trajetória (no século XIX) de identificação científica da história.

 

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Dagmar Manieri & Domingos Wilson P. Da Costa – Tucídides: Política E História Na Atenas Antiga

Tucídides, em muitos intérpretes, recebe uma leitura como o primeiro historiador de uma forma inédita de discurso histórico. Nele há uma “nova” história em contraposição aos outros historiadores gregos como Heródoto, por exemplo.

Quando François Hartog comenta sobre a obra de Dionísio de Halicarnasso, Antiquités romaines, verifica-se a importância de Tucídides para o campo da história. Segundo Hartog, os escritos de Dionísio são interpretados pela historiografia alemã do século XIX e início do século XX como uma história de segunda classe.

O próprio Dionísio é denominado por esta geração positivista alemã de graeculus: um grego de segunda categoria. É neste instante que Hartog comenta que na Sorbonne se efetiva a representação da história como um campo de saber, “como ciência positiva”; neste momento, “Tucídides tende a ser reconhecido como pai dessa história, (…)”.

Já Dionísio de Halicarnasso é entendido como um retórico, pois “não tem (e não pode ter) as provas de suas afirmações, mas procede como se tivesse à disposição esse material: ele finge a exatidão e a sinceridade”.

Esse percurso singular também pode ser percebido na época moderna, contexto no qual Tucídides também é valorizado. Na visão de Hobbes “(…) ele torna seu ouvinte um espectador, pois ele situa seu leitor nas assembleias populares e no senado, em meio a seus debates; nas ruas, em meio as suas dissenções; e nos campos, em meio as suas batalhas”.

Um século posterior, Rousseau também faz um julgamento positivo do historiador grego. O Iluminista afirma que por um primado da “verdade, [Tucídides] narra os fatos sem julgar; mas não omite nenhuma das circunstâncias suscetíveis de nos fazê-los julgar nós mesmos.

Põe tudo o que conta sob os olhos do leitor; ao invés de se interpor (…), ele se afasta; não pensamos mais ler e sim ver”. Podemos citar outros exemplos: desde Lorenzo Valla no Quattrocento até os “alemães tucidideanos” como Ranke, Barthold Niebuhr e Eduard Meyer.

Tucídides é elogiado pelos requisitos historiográficos (sobretudo a abordagem política) que marca o início de uma trajetória (no século XIX) de identificação científica da história.

 

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