
A edição atual de Diálogos Da Cidade pretende evidenciar os processos históricos que sofrem as populações em seus territórios e que, no contexto da pandemia da covid-19, “se escancaram” na dimensão da política atual do Estado brasileiro. Para tanto, a perspectiva epistemológica presente é heterogênea, pois dialoga com diferentes bases teóricas, das marxistas às foucaultianas, e ainda se ampara na práxis e nas vivências empíricas.
No entanto, vale afirmar que, durante as problematizações contextualizadas nos capítulos, é possível identificar o movimento das populações para reinventar os significados produzidos sobre seu dia a dia que subvertem a dimensão de espaços de convivência para territórios de existência. Ou seja, do rural ao urbano, os modos de existência continuam denunciando a política de morte, política essa imposta pelo sistema capitalista a qual se acirrou no atual contexto pandêmico.
Diálogos da Cidade tem como objetivo reafirmar as vozes que ecoam nos diferentes territórios e, a partir da aliança ético-estético-política, evidenciar uma outra existência não reconhecida pelo Estado soberano. Trata-se de uma outra estética que se reconhece na diferença, mas que, em razão da diferença, sua “errância” se torna alvo da negação do acesso aos direitos sociais e humanos.
O contexto pandêmico só fortaleceu o que, em diferentes configurações históricas, já sabemos. As populações que habitam os territórios são marcadas pelo sistema patriarcal, que reproduz as normativas legais para decidir e controlar a existência de todas e todos. São marcas oriundas do racismo estrutural que se autoriza a formalizar um conjunto de regras institucionalmente aceitas para fortalecer a discriminação na sociedade. São marcas que sustentam o machismo que é considerado autoridade para dominar as demais vidas.
Diálogos Da Cidade No Contexto Pandêmico está pautado por dois eixos centrais, que são o urbano e o rural. Acredita-se que, especialmente em tempos de pandemia, a transversalidade rural/urbano, com seus atravessamentos e diferentes realidades, é essencial para a compreensão dos seus desdobramentos sociopolíticos. A cidade e o campo não se traduzem em dicotomia, e sim em complementariedade, e as consequências da realidade pandêmica perpassam os territórios urbanos e rurais.











