Este livro pertence mais aos leitores do que a quem o escreveu.
Que o saiba sempre em brochura, ao alcance de crianças, jovens e adultos, que mãos operárias repassem estas páginas e sintam-se presentes, junto à mulher operária que as elaborou.
Que possa ultrapassar as cidades e alcançar a alma sertaneja, levando minha presença-terra aos enxadeiros e boiadeiros que tanto me ensinaram.
Que entre em casas de mulheres marcadas de luz vermelha e leve a elas esta Mensagem do Evangelho:
Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes entrarão na vossa frente no reino de Deus.
Possa ser lido nas prisões e levar ao presidiário a última página deste livro num apelo de regeneração e na minha oferta de fraternidade humana.
Tenha ele sempre uma apresentação simples e sugestiva e, por muito tempo, possa viver fora das encadernações de luxo entre lombadas hieráticas e dourados bonitos.
Possa valer pelo seu conteúdo, sempre encontrado em bancas populares e em balcões de livrarias – seu preço ao alcance de um leitor modesto.
om o tempo, lido, relido e trelido, rabiscado, amassado, arrancadas suas folhas, seja, num dia de faxina geral, num auto de arrumação e limpeza, lançado numa fogueira e calcinado no holocausto das chamas.
Vai, meu pequeno livro. Que possa sobreviver à Autora e ter a glória de ser lido por gerações que hão de vir de gerações que vão nascer.
Mais fácil, para mim, escrever um livro do que publicá-lo. Devo a tantos chegar a esta edição. Amigos, muitos, me estenderam as mãos, cuidaram de nova apresentação, escoimaram erros numa revisão minuciosa, me socorreram nas dificuldades. E para todos os que exaltaram estes poemas em referências valiosas e lídima poesia, os agradecimentos da Autora, gratíssima, igualmente, ao Dr. Tarquínio J. B. de Oliveira, padrinho e animador desta publicação. Foi quem, um dia, em Goiás, tirou este livro do limbo dos inéditos.
Impossível passar estas páginas sem deixar exarada minha comovida Mensagem de Gratidão à Universidade Federal de Goiás, quer na pessoa do talentoso e jovem Magnífico Reitor, Prof. José Cruciano de Araújo, quer do pessoal técnico, de todos os escalões, graças aos quais esta obra surge enriquecida inclusive em nova roupagem gráfica, incorporando-se à coleção documentária capaz de consistir num marco desta época, a fim de cumprir relevante papel a serviço do futuro.
Leia também – A estética dos becos em Cora Coralina ou “Um modo diferente de contar velhas estórias”, de Clovis Carvalho Britto.