Meu Livro De Cordel
traduz a ligação obstinada e profunda de Cora Coralina com os anônimos poetas nordestinos. A literatura de cordel, enquanto gênero literário, é trabalhada neste livro em 43 poemas. Cora Coralina homenageia os menestréis nordestinos, com a simplicidade e a sabedoria de quem teve como grande mestra a própria vida, o que, em suas palavras, justifica a autenticidade de sua poesia arrancada aos pedaços do fundo de sua sensibilidade.
Em Meu Livro De Cordel ela apresenta-nos a alma dos rios, das pedras, dos gestos exaustos das lavadeiras; a simplicidade da vida, do amor e da morte. Cora revela sua profunda compreensão dos seres humanos, desde os atos mais rotineiros até os atos de heroísmo.
A simplicidade, a qualidade mais distinta na poesia de Cora Coralina, está mais presente do que nunca em Meu Livro De Cordel. O título é significativo, homenagem da autora “a todas as estórias e poesias de Cordel”, e atestado de sua afinidade com “os anônimos menestréis nordestinos, povo da minha casta, meus irmãos do nordeste rude”.
Essa simplicidade anda sempre de mãos dadas com um aguçadíssimo espírito de fraternidade e uma sensibilidade aberta à vida e às novidades do mundo. Assim, a poeta tanto estende a mão a todos os perseguidos (no caso, os judeus), num gesto de solidariedade, como presta seu tributo de admiração a Pablo Neruda, poeta descoberto na velhice e que a deixou deslumbrada.
Vários poemas de Meu Livro De Cordel são autobiográficos. Como todo artista, Cora Coralina não cessa de se olhar no espelho, de se indagar, em busca do mistério de si mesma que, no fim de tudo, é o próprio mistério da vida. A segunda parte do livro é toda confessional.
“Cora Coralina, Quem é Você?”, indaga a poeta no título de um dos poemas. E responde:
Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago todas as idades.
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