Cora Coralina: Raízes De Aninha

Por que um livro como este? Por quê?
De uma autora que escreve espera-se que entre seus escritos esteja contida sua vida, velada, vestida, nua ou não.

Alguns críticos da literatura serão contrários a que se busque na pessoa, em sua biografia, até mesmo nos cenários e contextos de sua vida social algum suporte, alguma fissura ou o que seja para explicar sua obra. Que o trabalho escrito inscreva e explique por si mesmo quem o escreve. Que a obra fale pelo autor e, não, sua vida por sua obra. Outros dirão que não. Quero ser um deles.
E acaso não é essa uma das marcas dos tempos em que vivemos? Talvez os sinais de um futuro tão incerto, tão indecifrável, apesar de tantas previsões em uma sua face e na outra. Talvez o presente tão frágil e tão passageiro, tão pobre de pessoas e de gestos carregados do peso do sentido e da beleza. Tempos em que “tudo o que é sólido desmancha no ar”. Talvez por tudo isso e um pouco mais do que apenas “isso tudo” nos conduzam a querer voltar, não somente à obra deixada por pessoas singulares, mas a sua vida. Ou a algumas dimensões de vivências de sua vida. Seus amores, suas lutas, seu sofrer. A obra talvez nunca escrita, ou talvez apenas aqui e ali rascunhada aos fragmentos, que é, aquém e além do que deixou por escrito, uma outra fala de sua própria vida.
Então é bom voltar a Goiás – Cidade de Goiás, Vila Boa de Goiás, Goiás Velha – e ver ao lado das águas que ainda passam, e já não são mais tão claras e tão “vermelhas” do Rio Vermelho, uma casa logo ao lado do “outro lado da ponte”. Uma casa como algumas outras da velha cidade. Uma casa de um só andar, nem de pedras e nem de duras argamassas. Dessas casas escuras, armadas com ferros e outros artifícios contra o passar voraz do tempo. Ao contrário. Uma casa branca e de janelas azuis, feita entre o barro amassado à mão e os antigos adobes, tijolos secados ao sol. Matérias frágeis que mãos hábeis arrancavam das beiras e dos barreiros dos rios e misturavam com água e cal. E edificavam com elas casas e igrejas. O falar delas através da fala de Cora virá um pouco adiante. Vocês esperem.

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De uma autora que escreve espera-se que entre seus escritos esteja contida sua vida, velada, vestida, nua ou não. Alguns críticos da literatura serão contrários a que se busque na pessoa, em sua biografia, até mesmo nos cenários e contextos de sua vida social algum suporte, alguma fissura ou o que seja para explicar sua obra. Que o trabalho escrito inscreva e explique por si mesmo quem o escreve. Que a obra fale pelo autor e, não, sua vida por sua obra. Outros dirão que não. Quero ser um deles.
E acaso não é essa uma das marcas dos tempos em que vivemos? Talvez os sinais de um futuro tão incerto, tão indecifrável, apesar de tantas previsões em uma sua face e na outra. Talvez o presente tão frágil e tão passageiro, tão pobre de pessoas e de gestos carregados do peso do sentido e da beleza. Tempos em que “tudo o que é sólido desmancha no ar”. Talvez por tudo isso e um pouco mais do que apenas “isso tudo” nos conduzam a querer voltar, não somente à obra deixada por pessoas singulares, mas a sua vida. Ou a algumas dimensões de vivências de sua vida. Seus amores, suas lutas, seu sofrer. A obra talvez nunca escrita, ou talvez apenas aqui e ali rascunhada aos fragmentos, que é, aquém e além do que deixou por escrito, uma outra fala de sua própria vida.
Então é bom voltar a Goiás – Cidade de Goiás, Vila Boa de Goiás, Goiás Velha – e ver ao lado das águas que ainda passam, e já não são mais tão claras e tão “vermelhas” do Rio Vermelho, uma casa logo ao lado do “outro lado da ponte”. Uma casa como algumas outras da velha cidade. Uma casa de um só andar, nem de pedras e nem de duras argamassas. Dessas casas escuras, armadas com ferros e outros artifícios contra o passar voraz do tempo. Ao contrário. Uma casa branca e de janelas azuis, feita entre o barro amassado à mão e os antigos adobes, tijolos secados ao sol. Matérias frágeis que mãos hábeis arrancavam das beiras e dos barreiros dos rios e misturavam com água e cal. E edificavam com elas casas e igrejas. O falar delas através da fala de Cora virá um pouco adiante. Vocês esperem.

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