
A literatura e os estudos literários constituem formas de se pensar e compreender o que se passa ao nosso redor. Este livro é uma contribuição nesse sentido: o autor Cláudio R. V. Braga investiga a prosa de Chimamanda Adichie, escritora contemporânea globalmente conhecida, propondo uma perspectiva de mundo caracterizada pela pós-colonialidade, que é uma condição dos dias de hoje, perpassada por processos complexos de descolonização cultural e de mobilidade humana em escala global.
No decorrer da investigação, percebe-se que a literatura de Adichie é “movente”, segundo o autor, porque, além de representar um mundo de movimentos incessantes, ela também é agente dessa mobilidade, configurando-se em uma intervenção concreta com o poder de mobilizar e, portanto, mudar pensamentos e atitudes na direção da chamada descolonização cultural.
A Literatura Movente De Chimamanda Adichie é o resultado de mais de uma década debruçando-se sobre os caminhos das literaturas de grupos minoritários, sobre as obras de escritores que enxergam sua experiência a partir de uma mirada estrábica, olhando simultaneamente para o presente e o passado, para fora e para dentro, para si e para o outro.
Há anos a pesquisa do autor situa-se no âmbito da produção literária de comunidades diaspóricas; os trabalhos que vêm publicando e apresentando em eventos científicos são fortemente caracterizados pela interdisciplinaridade e pelo comparativismo literário, e têm lastro em conceitos como etnicidade, hibridismo, pós-colonialidade e globalização.
No livro, Cláudio faz a necessária distinção entre diáspora e globalização, mas aponta também em que sentido esses conceitos se aproximam e se assemelham, principalmente no que tange o fluxo transnacional dos tempos atuais. Como afirma o autor, a intensificação do fluxo migratório nas últimas décadas, ocasionada pelo desenvolvimento tecnológico e por avanços nos meios de transporte, está também inextricavelmente ligada à independência de ex-colônias.
As diásporas de séculos passados são vistas como elemento desencadeador das novas diásporas que caracterizam o fim do século XX e início do século XXI em direção aos antigos centros hegemônicos, deslocamento que funciona como um palimpsesto que impõe a revisão da história.
