No transcorrer da sua história, o homem se utilizou da tradição oral (lendas, histórias infantis e fábulas) para perpetuar um saber construído ao longo de milhares de anos.
As fábulas remontam a tempos antigos, vindas da tradição oral de diferentes culturas pelo mundo, na forma de histórias curtas contadas de pai para filho e, dessa maneira, acabaram perpetuando-se no imaginário coletivo.
Escritas em prosa ou verso e tendo como personagens animais com características antropomórficas, as fábulas sempre tiveram fins educativos e morais. Da mesma forma, os provérbios, as canções e as cantigas de ninar eram transmitidos sem um sistema de escrita.
Esse conhecimento aprimorado, ao longo da trajetória da humanidade, pela capacidade racional e intuitiva e pela investigação indiciária, possibilitou ao homem a decifração da realidade do passado em sua complexidade.
Assim, o trabalho com a oralidade se caracteriza por ser produzido a partir de um estímulo, pois o pesquisador procura o entrevistado e lhe faz perguntas, que podem versar sobre um determinado fato ou conjuntura que se quer investigar.
Além disso, a história oral faz parte de todo um conjunto de documentos do tipo biográfico, ao lado de memórias e autobiografias, que permitem compreender como indivíduos experimentaram e interpretaram acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da sociedade em geral.
Isso torna o estudo da história mais concreto e próximo, facilitando a apreensão do passado pelas gerações futuras e a compreensão das experiências vividas por outros.
O trabalho com a história oral compreende todo um conjunto de atividades anteriores e posteriores à gravação dos depoimentos. Exige, antes, a pesquisa e o levantamento de dados para a preparação dos roteiros das entrevistas.
Os processos de construção e de análise das memórias e dos documentos (fontes oficiais) requerem sempre muita dedicação, tempo e um trabalho acurado.
Isso porque confrontar os depoimentos com as fontes escritas implica conhecimento, resultando no trabalho final, ou seja, um novo documento histórico.
A desconstrução, a crítica e a comprovação dos depoimentos, juntos, resultam no documento fiel, completo, e, consequentemente, com qualidade de uma produção documental e acadêmica.