
Em vinte e quatro de agosto de 1921, nascia Henrique Cláudio de Lima Vaz. Próximo do centenário de seu nascimento, O Que Torna Uma Vida Realizada tem por objetivo fazer memória e render homenagem a um dos mais importantes filósofos: jesuíta, brasileiro, do século XX. Para ele, a filosofia não poderia ser compreendida apenas como mero exercício intelectual, mas deveria sim ser assumida como exigente modo de vida, que confere a quem o exerce grande responsabilidade social.
Intelectual cristão, Lima Vaz desenvolve uma filosofia em sintonia com o humanismo personalista cristão. Autor de importantes obras filosóficas e de inúmeros artigos, inspirou grande número de pensadores brasileiros. Os seus textos constituem um importante legado que precisa ser ainda investigado e explorado para revelar de modo pleno todo o vigor e riqueza.
A obra sistemática, considerada como obra de maturidade, se estrutura a partir de três grandes temas que estão intimamente articulados: a antropologia, a ética e a reflexão sobre o Absoluto. Ao partir de uma investigação a respeito de quem é o ser humano, a proposta sistemática lima vaziana o afirma como pessoa. Contudo, a natureza ontológica do ser humano precisa ser realizada, existencialmente, através de atos pessoais. O discurso antropológico cede, então, lugar para o discurso ético-político.
Trata-se, portanto, num segundo momento, do desenvolvimento de uma reflexão que ajude na compreensão dos invariantes ontológicos que possibilitam definir o agir e a vida éticos. Estes, no entanto, apenas podem ser adequadamente compreendidos como agir e vida que se realiza no interior de uma comunidade e que se orienta a partir de critério objetivo. Este critério é o bem que se apresenta, ao mesmo tempo, como bem para o indivíduo e como bem objetivo, constituindo-se assim como bem real.
Por fim, a ética nos lança na direção da necessidade de pensar o Bem absoluto que se apresenta como polo intencional do dinamismo da vontade humana. Sendo uma noção transcendental, convertível com a noção de Verdade, o Bem nos remete a uma realidade transcendente, origem, sustento e, ao mesmo tempo, telos do dinamismo da vida humana.
