Moradia inacessível, salários precários, saúde pública, mudanças climáticas não são temas comuns no debate público feminista. Mas não seriam essas as questões que mais afetam a esmagadora maioria das mulheres em todo o mundo?
Inspiradas pela erupção global de uma nova primavera feminista, Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser, organizadoras da Greve Internacional das Mulheres (Dia sem mulher), lançam um manifesto potente sobre a necessidade de um feminismo anticapitalista, antirracista, antiLGBTfóbico e indissociável da perspectiva ecológica do bem viver.
Feminismo Para Os 99% é sobre um feminismo urgente, que não se contenta com a representatividade das mulheres nos altos escalões das corporações.
O Manifesto feminista faz parte de um movimento global e será lançado no 8 de Março de 2019 em diversos países, como Itália, França, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Argentina e Suécia.
O século XXI será feminino.
Por enquanto, ainda é um século em que o patriarcalismo, a apartação e a desigualdade imperam. É um século de múltiplas crises: social, econômica, política, ética, ambiental, cultural, de identidade, de pertencimento, de escolha e de falta de escolhas. Mas o tamanho do problema, a soma das interações das crises múltiplas que assolam o planeta, não pode nos paralisar.
As autoras deste Manifesto consideram que o capitalismo está na base de todas essas crises. E para solucionar uma crise múltipla são necessárias múltiplas formas de enfrentamentos, próprias para cada local, cada cultura, cada situação. Embora cada avanço seja uma vitória, a chave é a coordenação dos esforços, a articulação das lutas, para que vitórias não se anulem.
Nem a direita nem as esquerdas respondem ao desafio das diversidades, sejam elas sociais, sejam naturais – sexuais, culturais, étnicas, de biomas, de aspirações ou visões de mundo. Precisamos ir além das dicotomias, de um mundo dividido em apenas duas opções.
É na busca dessa transformação que se situa o Manifesto do Feminismo Para Os 99%, um grito feminista libertário, anticapitalista, complexo e em construção.
Para criarmos um presente e um futuro livres e acolhedores para todos os seres vivos, o século XXI deve ser feminino e feminista, disso não tenho dúvida!