O Desafio Da Mobilidade Urbana faz uma análise histórica da evolução da mobilidade urbana, destacando a relação entre desenvolvimento urbano e transportes e analisando a base institucional e legal que fundamenta as políticas públicas nesse campo no País. Por fim, apresentam-se recomendações voltadas ao enfrentamento dos problemas de mobilidade urbana no País, com foco especial naquilo que é tarefa do governo federal, envolvendo os Poderes Legislativo e Executivo.
Associados ao vigor da urbanização brasileira, vieram os problemas a ela inerentes de insuficiência ou inexistência de infraestrutura e serviços, entre os quais o de transporte coletivo.
A industrialização brasileira consagrou o modal rodoviário, opção que explica o desmonte dos sistemas de bondes, predominantes em boa parte das maiores cidades entre 1930 e 1960. Com papel secundário no caso brasileiro, o transporte ferroviário urbano não oferece alternativas suficientes e eficientes aos ônibus.
O transporte aquaviário, por sua vez, embora relevante na região Norte, por causa das grandes bacias hidrográficas ali existentes, mostra-se inexpressivo no restante do País, restringindo-se a breves travessias marítimas interurbanas. Pela presença na rede urbana, o transporte público individual com o emprego de táxis mereceu atenção no estudo. Em razão da interferência na mobilidade urbana, o transporte de cargas também não poderia deixar de ser abordado.
A baixa qualidade do transporte público coletivo sobre pneus fez surgir, em meados dos anos 1990, o transporte pirata em vans e motos. A incapacidade de as políticas públicas resolverem, ou ao menos minorarem, os problemas e as dificuldades de locomoção da população, a cobrança de tarifa elevada e a situação de imobilidade das cidades levaram milhares de manifestantes às ruas, em 2013, para reivindicar o direito ao transporte de boa qualidade e ao passe livre.