O ano de 2010 confirmou ao mundo uma realidade há muito conhecida: o exercício do jornalismo e o papel do jornalista no processo de produção de informação mudaram. Pela primeira vez em 61 anos, o Prémio de Jornalismo George Polk, atribuído pela universidade americana de Long Island (Nova Iorque), distinguiu um cidadão anónimo e não um jornalista. Pela primeira vez, o trabalho premiado não alcançou notoriedade por ser capa de nenhum jornal ou peça de abertura de um noticiário televisivo. As imagens publicadas na rede social YouTube, revelando a morte chocante da jovem iraniana Neda Agha-Soltan numa rua de Teerão, após ter integrado uma manifestação contra o regime, valeram a um cidadão anónimo o galardão. “Não sabemos quem filmou ou quem partilhou o vídeo na Internet, mas sabemos que tem valor jornalístico”, terá referido John Darnton, presidente do júri, para justificar a decisão de reconhecer a coragem, o trabalho dos cidadãos anónimos e o seu contributo à informação. Na mesma ocasião, Darnton terá reconhecido que a atribuição do prémio demonstra que, no contexto atual, qualquer cidadão corajoso, munido de um telemóvel com câmara fotográfica e acesso à Internet, pode utilizar as redes sociais para difundir informação. O vídeo premiado foi visualizado por milhões de utilizadores em todo o mundo, tornou-se um ícone da resistência iraniana e conduziu à reflexão em torno do papel dos jornalistas e do jornalismo, num novo contexto de comunicação onde as redes sociais se assumem como os novos media e são, sucessivamente, notícia enquanto fontes de informação.
A história do jornalismo escreveu-se desde sempre ancorada aos avanços da tecnologia. A Internet é disto a expressão máxima. A sua evolução, desde os primórdios da World Wide Web até à Web 2.0 e às redes sociais, não só revolucionou todo o processo de informar, conferindo ao indivíduo comum o poder que antes não tinha de ser parte ativa na produção da notícia, como colocou aos jornalistas e aos Órgãos de Comunicação Social (OCS) novos desafios.
Perante uma mudança radical no modo de produção e consumo de informação, jornalistas e empresas de comunicação viram-se forçados a estar onde está o seu público: nas redes sociais. Mas esta presença não está imune a riscos.
A Utilização Das Redes Sociais Pelos Jornalistas Portugueses: Novos Desafios Éticos E Deontológicos Para A Profissão
- Comunicação, Internet
- 3 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.