A obra Nossos Pretos Velhos: Famílias Negras Do Extremo Sul Do Rio Grande Do Sul foi pensada e elaborada por mulheres negras, estudantes, professoras, e que tiveram a oportunidade de serem, na maioria das vezes, a primeira de sua família a estar em uma universidade pública e gratuita.
Para a realização dos nossos diálogos, apresentação de nossas famílias e as abordagens sociais, bem como a busca dessas informações nos álbuns de famílias negras da região, partimos de uma premissa: somos a primeira geração de mulheres negras que tiveram acesso à universidade pública e gratuita e nos sentimos responsáveis por saber nossas histórias, já que nos constituímos enquanto sujeitos de direito delas.
Algumas indagações sobre nossas próprias trajetórias, as histórias daquelas e daqueles que nos antecederam e que trilharam muitas lutas e conquistas, para que possamos hoje ocupar os espaços, passaram a ser parte de nossos questionamentos.
Ao escrevermos sobre nossas famílias pretas, nos deparamos e nos encontramos num processo individual e, ao mesmo tempo, coletivo: A introspecção. Tocamos sutilmente com a ponta dos dedos, as lembranças que nos compõe e nos configuram como pessoas. E então, imprimimos nas páginas deste livro, aquilo que já está impresso em nós mesmas, aventurando-nos à escrever ainda mais histórias em primeira pessoa. E repetimos muitas vezes que estamos aqui, escrevendo e reescrevendo, como protagonistas.
Construímos então, a partir dessa escrita, uma ponte para caminhar e acalmar a carência do desconhecimento das próprias raízes, mesmo que ainda sem acesso, às mais profundas. Imprimimos nesse trabalho coletivo as marcas, as cicatrizes, as curas e as saudades que carregamos em nossos corações.
Para todas nós essa é uma escrita importante: É a materialização de diferentes formas de amor. E se é possível explicitar o que esse livro significa, peço licença para referenciar duas expressões que irão junto ao convite que temos a te fazer:
O livro Nossos Pretos Velhos: Famílias Negras Do Extremo Sul Do Rio Grande Do Sul foi desenvolvido por alunas da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, no ano de 2019, na tentativa de preservar e mapear as histórias de famílias negras do interior do Rio Grande do Sul.
