
Singular, criativo e questionador. Essas são algumas palavras que podem revelar as ações e os pensamentos de Carlos Stasi no tocante à música e a outros temas enfocados em O Instrumento Do “Diabo”: Música, Imaginação E Marginalidade, repleto de iniciativas inusuais e reflexões que buscam transpor a realidade cristalizada que nos envolve, sobretudo no que se refere ao “mundo da música”.
Stasi é músico-instrumentista, compositor especializado em instrumentos de percussão e professor do Instituto de Artes da Unesp, campus de São Paulo. É bastante reconhecido entre os percussionistas por suas singulares realizações como criador e intérprete, nos recitais solo ou no Duo Ello, formado com o percussionista Luiz Guello, em 1999.
Quem já teve a oportunidade de ouvi-lo em recitais ou palestras sempre se surpreende com o que apresenta, resultante de uma percepção aguçada e crítica da realidade, que advém de sua personalidade e sensibilidade de criador e intérprete da música.
Com base em um estudo único e dos mais profundos sobre um instrumento musical, O Instrumento Do “Diabo”: Música, Imaginação E Marginalidade disseca as maneiras pelas quais criamos verdades fictícias sobre objetos, pessoas e sociedades.
Numa jornada sobre a superfície estriada de um instrumento, considerado ineficiente e extremamente limitado, o autor fala das relações desse instrumento com o sexo, a política, a filosofia, a entomologia, a geografia, a antropologia, a etnomusicologia e outras áreas do conhecimento, bem como as maneiras pelas quais, em diferentes contextos culturais e épocas, o imaginário coletivo a respeito dele é estabelecido.
Nada escapa à critica do autor. Invenções populares, pessoais e acadêmicas são questionadas. E com a suspensão da ficção, resta determinada contemplação, metaforizada também nos espaços “vazios” existentes entre cada dente do instrumento. Depois de ler este livro, será impossível ver qualquer objeto da mesma maneira.
