História Da Chuva

Uma história recheada de elementos reais e ficcionais que provam ao leitor que não há limite entre o palco e o mundo. As enchentes de novembro de 2008, que deixaram uma série de cidades de Santa Catarina em estado de calamidade pública, dão início ao novo romance de Carlos Henrique Schroeder, História da Chuva.


O leitor é conduzido por um legado de perdas, mas também é apresentado ao mundo das artes cênicas, ao envelhecer e à arte. O livro investiga a intrincada relação de Arthur e Lauro: amigos, parceiros profissionais e diretores do Gefa (Grupo Extemporâneo de Formas Animadas), especializado em teatro de animação.
A narrativa começa num ponto crítico da vida de Lauro: recém-divorciado e atordoado pela ausência de Arthur, ele procura um sentido para a existência das suas memórias. A obra é narrada por um alter ego do autor, que tenta, ao criar um perfil de Arthur, descobrir o quanto o teatro e a arte ainda fazem sentido para sua existência. Brilhantemente criada, a literatura de Schroeder tem disso: é recheada de elementos reais e ficcionais que jogam com o leitor provando que não há limite entre o palco e o mundo.

No dia em que Arthur morreu eu levantei às seis horas, como sempre, e, enquanto Deborah tomava seu banho, preparei dois sanduíches quentes. Com três fatias de pão de leite cada, com rúcula, tomate, queijo, peito de peru, manjericão e manteiga, esses sanduíches eram acompanhados por um café forte. Era o que me animava todas as manhãs: o preparo e o sabor. Eu era bom com sanduíches, sabia a temperatura certa, conseguia montar de uma maneira que cada camada complementava o sabor da outra (neste caso específico, a ordem dos fatores alterava o produto final). Supus algum tempo depois que, enquanto mastigávamos os sanduíches e conversávamos sobre o casamento, o corpo de Arthur navegara por onde outrora era uma rua movimentada, fizera um longo percurso até se enroscar numa pequena árvore de galhos robustos, parcialmente coberto pela água. Inchado, rijo e numa posição semifetal. A primeira pessoa a vê-lo foi Maria Elisabete, empregada doméstica, que, temerosa de perder seu emprego, resolveu se arriscar com água pela cintura para tentar chegar na casa da patroa. Ela viu aquela coisa, mas fez que não viu, não era problema seu. Mas avisou um dos botes dos bombeiros, a poucas quadras.
— Pode contaminar ainda mais a água — disse ela, se arrependendo logo depois.

 

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Uma história recheada de elementos reais e ficcionais que provam ao leitor que não há limite entre o palco e o mundo. As enchentes de novembro de 2008, que deixaram uma série de cidades de Santa Catarina em estado de calamidade pública, dão início ao novo romance de Carlos Henrique Schroeder, História da Chuva.
O leitor é conduzido por um legado de perdas, mas também é apresentado ao mundo das artes cênicas, ao envelhecer e à arte. O livro investiga a intrincada relação de Arthur e Lauro: amigos, parceiros profissionais e diretores do Gefa (Grupo Extemporâneo de Formas Animadas), especializado em teatro de animação.
A narrativa começa num ponto crítico da vida de Lauro: recém-divorciado e atordoado pela ausência de Arthur, ele procura um sentido para a existência das suas memórias. A obra é narrada por um alter ego do autor, que tenta, ao criar um perfil de Arthur, descobrir o quanto o teatro e a arte ainda fazem sentido para sua existência. Brilhantemente criada, a literatura de Schroeder tem disso: é recheada de elementos reais e ficcionais que jogam com o leitor provando que não há limite entre o palco e o mundo.

No dia em que Arthur morreu eu levantei às seis horas, como sempre, e, enquanto Deborah tomava seu banho, preparei dois sanduíches quentes. Com três fatias de pão de leite cada, com rúcula, tomate, queijo, peito de peru, manjericão e manteiga, esses sanduíches eram acompanhados por um café forte. Era o que me animava todas as manhãs: o preparo e o sabor. Eu era bom com sanduíches, sabia a temperatura certa, conseguia montar de uma maneira que cada camada complementava o sabor da outra (neste caso específico, a ordem dos fatores alterava o produto final). Supus algum tempo depois que, enquanto mastigávamos os sanduíches e conversávamos sobre o casamento, o corpo de Arthur navegara por onde outrora era uma rua movimentada, fizera um longo percurso até se enroscar numa pequena árvore de galhos robustos, parcialmente coberto pela água. Inchado, rijo e numa posição semifetal. A primeira pessoa a vê-lo foi Maria Elisabete, empregada doméstica, que, temerosa de perder seu emprego, resolveu se arriscar com água pela cintura para tentar chegar na casa da patroa. Ela viu aquela coisa, mas fez que não viu, não era problema seu. Mas avisou um dos botes dos bombeiros, a poucas quadras.
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