A Laranjeira
– A extensa obra de Carlos Fuentes se coloca na linhagem dos grandes renovadores da literatura hispano-americana ao lado de Julio Cortázar, Mario Vargas Llhosa, Alejo Carpentier, Gabriel García Márquez e Jorge Luis Borges. Para o ensaísta e poeta mexicano Octavio Paz, a divisa de Carlos Fuentes poderia ser “diz-me como falas, que te direi quem és”.
Na escrita de Fuentes está a fala dos indivíduos, das classes sociais, das épocas históricas, das cidades e das paisagens. Seu tema é a linguagem não apenas por ser ela matéria-prima da literatura mas sobretudo, porque com ela se constróem a memória e o desejo.
Com A Laranjeira Carlos Fuentes fecha o ciclo narrativo por ele denominado “A idade do tempo”. E encerra-o de forma magistral. O livro compõem-se de cinco novelas curtas e interligadas, em que Carlos Fuentes joga com diversos mitos – o conquistador conquistado, a atemporalidade da história – e recorre aos temas típicos de sua literatura ímpar. A árvore da laranja é, portanto, não apenas o fio condutor das novelas mas também uma síntese da obra do autor.
Fuentes justifica a escolha da laranjeira como tema: “É quase o protótipo de uma imagem do mundo espanhol. As laranjas e a Espanha caminham juntas. A fruta veio da Índia para a Espanha, e então Cortez a trouxe para o Novo Mundo. Daí seguiu para a Califórnia e Flórida iniciando toda uma indústria. É uma árvore migratória, uma testemunha natural da História.”
Símbolo da fertilidade, da mestiçagem e da nova vida em outras terras, a laranjeira representa a recordação do colo materno, da redondeza do universo e, a partir de fatos históricos concretos (como a conquista do México e o cerco de Numância), da condição circular do tempo. Segundo as palavras do autor: “Em A Laranjeira se reúnem meus mais imediatos prazeres sensuais – olho, toco, mordo, engulo -, mas também a sensação mais antiga: minha mãe, as babás, os seios, a esfera, o mundo, o óvulo…”.
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