
O conjunto de comunicações que se reúnem nesta publicação, permite recuperar o processo de partilha e debate que decorreu em novembro de 2017, no auditório d’A Moagem, na cidade do Fundão, numa inspiradora jornada de ativação de pensamento crítico que o PES – Projeto Entre Serras se propôs desenvolver.
A esta distância, dos diversos pontos de vista que ali foram convocados, sobressai uma ideia transversal que nos confronta com as mudanças que se foram operando nas regiões interiores do país, e que nos obriga a uma reflexão sobre os fatores que permitem que os problemas estruturais que há anos estão identificados prolonguem e agravem os efeitos sobre as comunidades locais e sobre o ecossistema socioeconómico regional, acusando o gravoso desequilíbrio entre o Interior e o litoral.
O arranque do PES – Projeto Entre Serras constituiu assim um excelente ponto de partida para, a partir dos processos de criação artística, dar os primeiros passos num caminho que, a partir de pequenos pontos, procura trazer alguma luz a este horizonte de esperança.
No suporte conceptual da síntese ensaiada entre agricultura e biodiversidade, aponta-se o equilíbrio desejado entre o homem e o seu espaço, num processo não isento de confrontos, compromissos e cedências, registado pelo tempo nas paisagens de montanha desta região.
A urgência da resposta que importa dar a uma necessária retoma económica enquadrada pelo imenso desafio definido pelas alterações climáticas, coloca de forma decisiva na agenda de prioridades a relevância do contributo que o mundo rural codifica na sua memória e sabedoria, nos seus engenhos e práticas quotidianas de sempre.
Parte da resposta para um mundo melhor, de uma existência mais responsável e consciente, depende do lugar no futuro que conseguirmos garantir à matriz rural, sua identidade e nossa raiz. E esse lugar por direito só poderá ser conseguido através de uma rede de contributos, e de partilha como aquela que foi ensaiada durante esta jornada.
