O livro Ação Comunitária Pela Saúde Em Porto Alegre traz os resultados de uma pesquisa participativa dedicada a um tema pouco estudado: os mecanismos de mobilização popular/participação social.

Com a intenção de resgatar, divulgar e compartilhar histórias que possam contribuir para uma melhor compreensão da dinâmica da mobilização popular direcionada às questões de saúde, são apresentados alguns episódios de participação social vividos em Porto Alegre, nas últimas décadas, em diferentes regiões da cidade.

O envolvimento da população nas questões de saúde vem sendo incentivado e reforçado desde a Conferência de Alma-Ata em 1978. As organizações e os movimentos populares são fundamentais para tomadas de decisões mais democráticas, transparentes e responsáveis.

Dessa forma, as ações que se desenvolvem com a participação popular são um importante meio para a mudança social, pois operam por meio de alianças e conquistam força para o enfrentamento dos antagonismos gerados no âmbito de uma cultura política capitalista que exclui grande parte dos indivíduos de participarem do poder de decisão.

No trabalho de pesquisa, que originou Ação Comunitária Pela Saúde Em Porto Alegre, ação comunitária ou mobilização popular referem-se a movimentos organizados nas comunidades para melhorar a saúde da população local, considerando o conceito ampliado de saúde, incluindo os seus determinantes sociais.

Contamos com a participação de muitas pessoas, que deram seus depoimentos sobre episódios de ação comunitária em que estiveram envolvidas.

As identidades dessas pessoas, tanto membros das comunidades, usuários dos serviços de saúde, quanto trabalhadores da saúde, não são reveladas, por respeito aos pressupostos éticos considerados na pesquisa.

O que pode ser visto, nos textos contidos em Ação Comunitária Pela Saúde Em Porto Alegre é que, com o passar dos anos, o foco de atenção de pesquisadores vai sendo modificado. Em geral, pode-se dizer que, durante os anos 1980, os argumentos apresentados centravam-se na divulgação da importância da noção de mobilização popular a partir da APS.

Na década seguinte, as discussões se voltam à apresentação de estratégias aplicadas em diferentes realidades e seus impactos. A partir dos anos 2000 até o presente começam a ser discutidas, com mais frequência, as necessidades associadas ao investimento em formação e treinamento para os profissionais que trabalham em equipes de saúde para que haja mudanças sociais significativas.