Chegar À Infância

No livro Chegar À Infância, a educadora Bernardina Maria de Souza Leal pontua a relevância dessa fase e as complexidades que a envolvem.

Três palavras

Chegar À Infância Três palavras nunca são apenas três palavras. Elas podem encerrar um livro, uma vida, um mundo. Essas três palavras, Chegar à infância, escondem infinitos segredos, mistérios, horizontes, pelo que cada uma sugere e inspira, pela forma de reuni-las, pela posição que ocupam entre elas e perante nós – pelo que afirmam e pelo que negam – pelo que mostram e pelo que ocultam. Para essas três palavras, que intitulam o livro de Bernardina Leal que estamos apresentando, busco dar e chamar a atenção.

Não é a primeira vez que me encontro com elas, claro. Mas elas não me deixam lê-las rapidamente. Detenho-me nelas, então. Atendo-as, aprecio-as, degusto-as. Tento escutá-las, acariciá-las, encontrá-las. Busco ler nas suas entrelinhas. Elas me afetam. Falam-me. Deixo-me atravessar por essas três palavras. Surgem assim outras que ofereço, despretensiosamente, a um leitor cúmplice.

Temos partido sempre da infância. Ela é o primeiro, o início, o começo. Talvez por isso dediquemos a ela tanta atenção e ao que a ela associamos à primeira vista: as crianças, as criancinhas, assim mesmo, em diminutivo. Os menores. Construímos edifícios inteiros de saber e poder ao seu redor, para protegê-las e entregar-lhes um mundo melhor. Pautamos a nossa cultura e a educação a partir da infância. Nesse ponto, não faz muita diferença o signo político da construção.

Perante a infância nos igualamos, seja com pretensões de modificá-la ou de liberá-la. A força sedutora da infância a coloca no centro de conservadores e progressistas, como foco de uma luz que, ao mesmo tempo em que nos ilumina, nos impede de pensar a partir de outras perspectivas. Dançamos todos ao redor da infância, seduzidos pelos seus encantos, travando a luta da sua formação, que é também, segundo pensamos habitualmente, a luta de nosso futuro, do que chamamos futuro da humanidade.

Assim, colocamos muitas palavras importantes, pesadas, densas em torno da infância. Assim a lemos, dessa forma a falamos, com essas palavras a escrevemos. Sem ligeireza, com solenidade.

Futuro, passado e presente. São nossas palavras para a infância. Assim sentimos o tempo. Dessa maneira pensamos a infância. Somos infância na primeira etapa, nos momentos iniciais. Um dia, quase sem percebê-lo e depois de muito querê-lo, deixaremos a infância. Quase com alívio. Para isso nos preparam nossas instituições. A isso nos estimulam nossos dispositivos. Precisamos deixar a infância para entrar no mundo dos adolescentes, dos jovens…

E, assim, chegaremos à etapa que coroa a vida: a adultez. Promessas de um mundo adulto, de verdade, sério, poderoso, responsável, maduro. O contrário do que nos mostram da infância, de nós mesmos.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Chegar À Infância

No livro Chegar À Infância, a educadora Bernardina Maria de Souza Leal pontua a relevância dessa fase e as complexidades que a envolvem.

Três palavras

Chegar À Infância Três palavras nunca são apenas três palavras. Elas podem encerrar um livro, uma vida, um mundo. Essas três palavras, Chegar à infância, escondem infinitos segredos, mistérios, horizontes, pelo que cada uma sugere e inspira, pela forma de reuni-las, pela posição que ocupam entre elas e perante nós – pelo que afirmam e pelo que negam – pelo que mostram e pelo que ocultam. Para essas três palavras, que intitulam o livro de Bernardina Leal que estamos apresentando, busco dar e chamar a atenção.

Não é a primeira vez que me encontro com elas, claro. Mas elas não me deixam lê-las rapidamente. Detenho-me nelas, então. Atendo-as, aprecio-as, degusto-as. Tento escutá-las, acariciá-las, encontrá-las. Busco ler nas suas entrelinhas. Elas me afetam. Falam-me. Deixo-me atravessar por essas três palavras. Surgem assim outras que ofereço, despretensiosamente, a um leitor cúmplice.

Temos partido sempre da infância. Ela é o primeiro, o início, o começo. Talvez por isso dediquemos a ela tanta atenção e ao que a ela associamos à primeira vista: as crianças, as criancinhas, assim mesmo, em diminutivo. Os menores. Construímos edifícios inteiros de saber e poder ao seu redor, para protegê-las e entregar-lhes um mundo melhor. Pautamos a nossa cultura e a educação a partir da infância. Nesse ponto, não faz muita diferença o signo político da construção.

Perante a infância nos igualamos, seja com pretensões de modificá-la ou de liberá-la. A força sedutora da infância a coloca no centro de conservadores e progressistas, como foco de uma luz que, ao mesmo tempo em que nos ilumina, nos impede de pensar a partir de outras perspectivas. Dançamos todos ao redor da infância, seduzidos pelos seus encantos, travando a luta da sua formação, que é também, segundo pensamos habitualmente, a luta de nosso futuro, do que chamamos futuro da humanidade.

Assim, colocamos muitas palavras importantes, pesadas, densas em torno da infância. Assim a lemos, dessa forma a falamos, com essas palavras a escrevemos. Sem ligeireza, com solenidade.

Futuro, passado e presente. São nossas palavras para a infância. Assim sentimos o tempo. Dessa maneira pensamos a infância. Somos infância na primeira etapa, nos momentos iniciais. Um dia, quase sem percebê-lo e depois de muito querê-lo, deixaremos a infância. Quase com alívio. Para isso nos preparam nossas instituições. A isso nos estimulam nossos dispositivos. Precisamos deixar a infância para entrar no mundo dos adolescentes, dos jovens…

E, assim, chegaremos à etapa que coroa a vida: a adultez. Promessas de um mundo adulto, de verdade, sério, poderoso, responsável, maduro. O contrário do que nos mostram da infância, de nós mesmos.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog