
Este livro é um dos resultados do seminário realizado com Bernard Miège, no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, institulado Enraizamento Social das TICs, numa iniciativa do Grupo de Pesquisa em Midiatização e Processos Sociais e Epistecom.
O seminário se realizou no âmbito do projeto Midiatização e Tecnologias Digitais/Escola de Altos Estudos/CAPES e foi apresentado em torno dos seguintes eixos: a visão das TICs “poluída” pelas abordagens tecnodeterministas; abordagens críticas de discursos sobre TICs; as TICS entre inovação técnica e enraizamento social; o processo de mediatização no centro (da maioria) das atenções; as mutações profundas da esfera mediática.
Agregaremos também a discussão sobre a convergência – um tema central, apenas referido nos diversos seminários. Este livro é um dos três que compõem a série relativa aos seminários desenvolvidos no projeto, que teve também participação de Serge Proulx e Patrice Flichy.
Os seus fundamentos são as proposições de Bernard Miège no que se refere aos processos midiáticos, em especial as suas formulações sobre o que é midiatização. O ponto de partida é a crítica ao tecnodeterminismo.
Para entendê-la, é necessário fazer referência ao modelo de midiatização em Bernard Miège. Este modelo localiza o lugar da técnica entre outras determinações.
No modelo, está claro que não se trata de negar à tecnologia um lugar no processo, mas sim de localizá-la como fonte dos discursos tecnodeterministas. Esta crítica está apresentada especialmente no capítulo 1, sobre a convergência.
Este lugar, na formulação de Bernard Miège, está relacionado, antes de tudo, com a produção de informação – conceituada como informacionalização.
Porém, nem tudo que é informação remete aos processos midiáticos e à midiatização. Esse deslocamento demanda a mediação do espaço público.
Nessa perspectiva, quando fala em ampliação do domínio midiático, Miège reconhece que as inovações das tecnologias de informação e comunicação estão transformando as relações entre espaço privado e espaço público.
Esse trânsito, afirma ele, entretanto, deve ser especificado: conforme os campos sociais e o processo de mercantilização da comunicação, a generalização das relações públicas, a diferenciação das práticas sociais e a transnacionalização dos fluxos informacionais.
