Olhares Negros

Na coletânea de ensaios reunidos em Olhares Negros, Bell Hooks interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude.

Na coletânea de ensaios críticos reunidos em Olhares Negros, Bell Hooks interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude, a subjetividade das pessoas negras e a branquitude. Ela foca no espectador — em especial, no modo como a experiência da negritude e das pessoas negras surge na literatura, na música, na televisão e, sobretudo, no cinema —, e seu objetivo é criar uma intervenção radical na forma como nós falamos de raça e representação.

Em suas palavras, “os ensaios de Olhares Negros se destinam a desafiar e inquietar, a subverter e serem disruptivos”. Como podem atestar os estudantes, pesquisadores, ativistas, intelectuais e todos os outros leitores que se relacionaram com o livro desde sua primeira publicação, em 1992, é exatamente isso o que estes textos conseguem.

Bell Hooks elabora um roteiro capaz de construir diques que contenham o reforço sistemático e a reescrita renovada da supremacia branca. Cada capítulo se mostra como uma plataforma potente para fazer surgir outro olhar e outros sujeitos. Não é à toa que a pensadora feminista intitula seu primeiro capítulo de “Amando a negritude como resistência política”.

Também não é à toa que se alinha a verdadeiros faróis da reflexão e da ação política, como Malcolm X, Stuart Hall e James Cones (o teólogo que ousou elaborar um questionamento crítico da branquitude), o que se mostra suficiente para criticar os “monumentos brancos” que abordam o tema do reconhecimento do outro e da aceitação da diferença sem se desapegar das noções de semelhança, a exemplo do filósofo pragmatista e liberal Richard Rorty. A cultura de resistência requer uma avaliação de como a supremacia branca impacta coletivamente nossas psiques.

O segundo capítulo — “Comendo o Outro: desejo e resistência” — faz morada no núcleo do livro: a diferença cultural e a Outridade como commodities para o usufruto de quem se reafirma hegemônico. bell hooks demonstra como a fascinação do Ocidente com o primitivo tem a ver com a sua própria crise de identidade: “do ponto de vista do patriarcado supremacista branco capitalista, a esperança é que os desejos pelo ‘primitivo’ ou fantasias sobre o Outro possam ser exploradas de modo contínuo, e que tal exploração ocorra de uma maneira que reforce e mantenha o status quo”.

A voracidade do olhar racista e sexista é exercida devorando corpos e culturas sem que haja uma redistribuição imaginária e real dos lugares dos sujeitos que têm o poder (os que olham e consomem) e dos que não têm (os que são vistos e são mercadorias de olhares).

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Na coletânea de ensaios reunidos em Olhares Negros, Bell Hooks interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude.

Na coletânea de ensaios críticos reunidos em Olhares Negros, Bell Hooks interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude, a subjetividade das pessoas negras e a branquitude. Ela foca no espectador — em especial, no modo como a experiência da negritude e das pessoas negras surge na literatura, na música, na televisão e, sobretudo, no cinema —, e seu objetivo é criar uma intervenção radical na forma como nós falamos de raça e representação.

Em suas palavras, “os ensaios de Olhares Negros se destinam a desafiar e inquietar, a subverter e serem disruptivos”. Como podem atestar os estudantes, pesquisadores, ativistas, intelectuais e todos os outros leitores que se relacionaram com o livro desde sua primeira publicação, em 1992, é exatamente isso o que estes textos conseguem.

Bell Hooks elabora um roteiro capaz de construir diques que contenham o reforço sistemático e a reescrita renovada da supremacia branca. Cada capítulo se mostra como uma plataforma potente para fazer surgir outro olhar e outros sujeitos. Não é à toa que a pensadora feminista intitula seu primeiro capítulo de “Amando a negritude como resistência política”.

Também não é à toa que se alinha a verdadeiros faróis da reflexão e da ação política, como Malcolm X, Stuart Hall e James Cones (o teólogo que ousou elaborar um questionamento crítico da branquitude), o que se mostra suficiente para criticar os “monumentos brancos” que abordam o tema do reconhecimento do outro e da aceitação da diferença sem se desapegar das noções de semelhança, a exemplo do filósofo pragmatista e liberal Richard Rorty. A cultura de resistência requer uma avaliação de como a supremacia branca impacta coletivamente nossas psiques.

O segundo capítulo — “Comendo o Outro: desejo e resistência” — faz morada no núcleo do livro: a diferença cultural e a Outridade como commodities para o usufruto de quem se reafirma hegemônico. bell hooks demonstra como a fascinação do Ocidente com o primitivo tem a ver com a sua própria crise de identidade: “do ponto de vista do patriarcado supremacista branco capitalista, a esperança é que os desejos pelo ‘primitivo’ ou fantasias sobre o Outro possam ser exploradas de modo contínuo, e que tal exploração ocorra de uma maneira que reforce e mantenha o status quo”.

A voracidade do olhar racista e sexista é exercida devorando corpos e culturas sem que haja uma redistribuição imaginária e real dos lugares dos sujeitos que têm o poder (os que olham e consomem) e dos que não têm (os que são vistos e são mercadorias de olhares).

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