
Este manifesto não se parece com nada que você já tenha lido. Aqui, o filósofo espanhol Beatriz Preciado dinamita, com seu humor corrosivo e rigor teórico, diz tudo aquilo que se entende por sexualidade.
Os estereótipos homem/mulher, homo/hétero, natural/artificial vão progressivamente sendo despedaçados através das análises que o autor faz sobre o dildo, a história do orgasmo e a atribuição de sexo.
Se de início é curiosamente divertido, a cada capítulo aprofunda-se nas contradições relacionadas às noções contemporâneas de gênero e desejo.
É inspirado pelo pensamento de Michel Foucault, Gilles Deleuze, Judith Butler e Jacques Derrida que o autor inaugura a contrassexualidade – uma teoria do corpo que é, também, estratégia de resistência ao poder.
Manifesto Contrassexual tem uma característica singular: é um texto performativo, situando-se nas fronteiras e bordas entre teoria, prática e ensaio.
Os quatro capítulos resultaram das experiências que Preciado teve na França no final da década de 1990 com o grupo Le Zoo, cuja reivindicação mais significativa consistia na inclusão de disciplinas sobre Estudos de Gênero e Estudos Gays e Lésbicos nas universidades francesas, de modo a compensar a orientação e a matriz heterossexuais de outras disciplinas ensinadas.
Sua colaboração foi importante para este grupo, para o qual ele preparou um seminário entre 1999 e 2000, e que por fim resultou neste livro.
Vale lembrar que Preciado se insere na tradição do feminismo americano e da teoria queer dos anos 1990, especialmente nos debates do Center for LGBTQ Studies (CLAGS) de Nova York, dado que sua política contrassexual rompe com toda a série de binômios tradicionais que tem servido como fundamento da filosofia moderna e da própria reflexão feminista que vinha sendo debatida na década de 1990.
Em linhas gerais, Manifesto Contrassexual é relevante para os estudos feministas, de gênero, bem como para teoria queer, por abordar em que medida as diferentes tecnologias de gênero operam para produzir posições de sujeito-corpo e as formas através das quais esses sujeitos-corpo resistem à normalização.











