Reflexões Sobre A Financeirização Da Natureza

Antes da Rio +20, vários atores internacionais, incluindo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco Mundial, lançaram o conceito de economia verde

– apresentado como afastado da economia global abastecida por combustíveis fósseis e baseada no uso intensivo de recursos naturais. Eles esperavam que no pronunciamento Nosso Futuro Comum, que encerrou a Rio +20, a economia verde fosse consagrada como um conceito central. Isso não ocorreu. Durante a cúpula, a União Européia gostaria de que um roteiro para a economia verde tivesse sido adotado. Isso, também, não aconteceu.
O ponto de partida de todas as reflexões sobre a economia verde está na mudança do clima e na escassez de recursos – pense em “pico do petróleo”, “pico da água” e “pico do solo”. Por esta razão, todos aqueles que são os precursores da economia verde desejam ver a transição ecológica para uma descarbonização da economia global – com investimentos massivos em eficiência energética e energias renováveis.
Mas, a economia verde vem com uma “pegadinha” – mais de uma, de fato. Seus precursores não desafiam o imperativo de gerar crescimento econômico.
Confrontados com este tipo de crise, é preciso uma transformação social e ecológica dos nossos modelos de produção e consumo rumo a uma economia global que seja democrática e justa e que não esteja baseada em um crescimento sem limites.
Em uma época em que a vontade política para realizar ações sobre proteção ambiental declina, muitos que são parte da comunidade ambientalista vem defendendo a monetização da natureza (...) alegando que os mercados podem atingir um nível de proteção ambiental que a política não conseguirá. No entanto, esta abordagem coloca em um mesmo pacote todas as funções complexas da natureza, transformando-a em um conjunto de commodities e a despojando de sua estrutura social e cultural, bem como de seus contextos ecológicos específicos, ameaçando, assim, os mais pobres e os povos indígenas, que dependem da terra para a sua subsistência.
A fim de evitar suas armadilhas, é necessária a reafirmação do princípio da precaução e do compromisso com o processo decisório democrático e com a justiça social, ambos fundamentais a uma política ambiental significativa para o século XXI.

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O ponto de partida de todas as reflexões sobre a economia verde está na mudança do clima e na escassez de recursos – pense em “pico do petróleo”, “pico da água” e “pico do solo”. Por esta razão, todos aqueles que são os precursores da economia verde desejam ver a transição ecológica para uma descarbonização da economia global – com investimentos massivos em eficiência energética e energias renováveis.
Mas, a economia verde vem com uma “pegadinha” – mais de uma, de fato. Seus precursores não desafiam o imperativo de gerar crescimento econômico.
Confrontados com este tipo de crise, é preciso uma transformação social e ecológica dos nossos modelos de produção e consumo rumo a uma economia global que seja democrática e justa e que não esteja baseada em um crescimento sem limites.
Em uma época em que a vontade política para realizar ações sobre proteção ambiental declina, muitos que são parte da comunidade ambientalista vem defendendo a monetização da natureza (…) alegando que os mercados podem atingir um nível de proteção ambiental que a política não conseguirá. No entanto, esta abordagem coloca em um mesmo pacote todas as funções complexas da natureza, transformando-a em um conjunto de commodities e a despojando de sua estrutura social e cultural, bem como de seus contextos ecológicos específicos, ameaçando, assim, os mais pobres e os povos indígenas, que dependem da terra para a sua subsistência.
A fim de evitar suas armadilhas, é necessária a reafirmação do princípio da precaução e do compromisso com o processo decisório democrático e com a justiça social, ambos fundamentais a uma política ambiental significativa para o século XXI.

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