
Além dos efeitos clínicos, esse vírus foi capaz de expor outras facetas da nossa sociedade que até então eram pouco conhecidas, ou até mesmo escondidas por parte das entidades dos poderes públicos e privados.
Ao ler As Múltiplas Faces Do Vírus, algumas perguntas podem recorrer à mente: como uma partícula viral tão pequena e invisível aos nossos olhos pôde evidenciar ainda mais a vulnerabilidade das questões dos direitos humanos e os direitos das mulheres e crianças; do direito de existir um sistema de saúde gratuito que abranja toda a população, principalmente as mais suscetíveis e carentes; de como o investimento público em ciência deve ser colocado à frente a fim de evitar novas pandemias e de oferecer respostas mais rápidas ao surgimento de novas doenças; pôs em xeque um sistema político baseado em negacionismos científicos e propulsora das fake news por mero interesse próprio, a fim de manter o sistema capitalista funcionando à qualquer valor, mesmo que custe a vida de milhares de pessoas.
As Múltiplas Faces Do Vírus é um livro de leitura fácil e voraz, com informações e reflexões assertivas sobre como a pandemia da COVID-19 pôs novamente a questão de gênero em cheque.
Em algum momento da minha leitura eu lembrei da frase escrita pela filósofa feminista Simone de Beauvoir: “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”. Para minha surpresa – não tão surpresa assim – encontrei essa frase no texto (me desculpem pelo spoiler). Infelizmente podemos adicionar na sentença que uma crise sanitária à nível de saúde pública mundial também foi capaz de colocar em questão os direitos das mulheres em todas as partes do mundo.
Após a leitura do livro, me veio a reflexão de como poderemos fazer com que essa obra e/ou outras obras desse gênero podem ser aplicadas dentro das escolas, universidades e por que não, dentro das casas de tantas mulheres que precisam desse tipo de informação?
Sabemos que informações concretas, livros e materiais didáticos não chegam dentro dos lares mais vulneráveis deste país. A melhor solução seria a criação e pregação prática de políticas públicas que abordassem questões tão importantes dos direitos das mulheres para que houvesse uma diminuição nítida das desigualdades sócio-econômicas que são fomentadas principalmente pelo neoliberalismo, discriminação racial, acentuação da discrepância de classe social e gênero.
