Ordem Imperial E Aldeamento Indígena

Ordem Imperial E Aldeamento Indígena, de Ayalla Oliveira Silva, é uma pesquisa histórica de fôlego, baseada em rica documentação primária.

Ordem Imperial E Aldeamento Indígena é uma pesquisa histórica de fôlego, baseada em rica documentação primária e em um diálogo firme com várias questões importantes levantadas pela historiografia contemporânea.

O foco do olhar e da pesquisa de Ayalla Oliveira Silva se dirige aos povos do sul da Bahia: camacãs, pataxós, guerens e inúmeros outros grupos indígenas que, depois de aldeados e ressocializados no mundo colonial e imperial, passaram a ser reconhecidos como índios, índios aldeados
ou ainda índios de Ferradas.

A autora não poupou esforços para expor, analisar e problematizar seu tema de pesquisa, desenvolvendo-o em cinco capítulos densos e bem estruturados. Com erudição, começa a reflexão se debruçando sobre os
memorialistas que escreveram a história de Itabuna.

Demonstra que lembrar e esquecer são típicos da memória e que tais operações não são aleatórias. Lembra-se e esquece-se ao sabor de conjunturas históricas específicas e em função de necessidades e projetos políticos e sociais.

De acordo com ela: “A leitura feita sobre as populações indígenas do sul da Bahia na escrita memorialista era extremamente pejorativa. Os índios eram descritos como os selvagens que percebendo a inutilidade de suas flechas diante das armas de fogo dos colonizadores, se aprofundavam nas matas.”

Waly Salomão disse, com simplicidade e profundidade poética, que “a memória é uma ilha de edição”. Quando se trata de memória pessoal, a questão é, naturalmente, de foro íntimo. O mesmo não se pode dizer da memória social que afeta a todos: incluídos e excluídos dela.

Tratar povos, comunidades e indivíduos indígenas como “selvagens” e deixá-los fora da narrativa histórica não é, contudo, uma característica particular dos memorialistas do sul da Bahia.

Como argumentou o saudoso historiador John Monteiro, desde a constituição do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838, estabeleceu-se a firme convicção de que os índios eram objeto da etnografia, não da disciplina história, justamente por serem considerados povos “primitivos” e “selvagens”.

Além disso, vários profissionais e leigos começaram a acreditar que os índios estavam fora da historiografia por motivos bem concretos, notadamente a ausência de fontes históricas para estudá-los.

De modo ainda mais dramático, os índios estariam fora da narrativa histórica em razão do precoce e rápido desaparecimento físico deles do cenário social, após o contato com os colonizadores.

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O foco do olhar e da pesquisa de Ayalla Oliveira Silva se dirige aos povos do sul da Bahia: camacãs, pataxós, guerens e inúmeros outros grupos indígenas que, depois de aldeados e ressocializados no mundo colonial e imperial, passaram a ser reconhecidos como índios, índios aldeados
ou ainda índios de Ferradas.

A autora não poupou esforços para expor, analisar e problematizar seu tema de pesquisa, desenvolvendo-o em cinco capítulos densos e bem estruturados. Com erudição, começa a reflexão se debruçando sobre os
memorialistas que escreveram a história de Itabuna.

Demonstra que lembrar e esquecer são típicos da memória e que tais operações não são aleatórias. Lembra-se e esquece-se ao sabor de conjunturas históricas específicas e em função de necessidades e projetos políticos e sociais.

De acordo com ela: “A leitura feita sobre as populações indígenas do sul da Bahia na escrita memorialista era extremamente pejorativa. Os índios eram descritos como os selvagens que percebendo a inutilidade de suas flechas diante das armas de fogo dos colonizadores, se aprofundavam nas matas.”

Waly Salomão disse, com simplicidade e profundidade poética, que “a memória é uma ilha de edição”. Quando se trata de memória pessoal, a questão é, naturalmente, de foro íntimo. O mesmo não se pode dizer da memória social que afeta a todos: incluídos e excluídos dela.

Tratar povos, comunidades e indivíduos indígenas como “selvagens” e deixá-los fora da narrativa histórica não é, contudo, uma característica particular dos memorialistas do sul da Bahia.

Como argumentou o saudoso historiador John Monteiro, desde a constituição do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838, estabeleceu-se a firme convicção de que os índios eram objeto da etnografia, não da disciplina história, justamente por serem considerados povos “primitivos” e “selvagens”.

Além disso, vários profissionais e leigos começaram a acreditar que os índios estavam fora da historiografia por motivos bem concretos, notadamente a ausência de fontes históricas para estudá-los.

De modo ainda mais dramático, os índios estariam fora da narrativa histórica em razão do precoce e rápido desaparecimento físico deles do cenário social, após o contato com os colonizadores.

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