Ética Dos Nomes Próprios

A tese principal, ou pelo menos a que é mais cara ao autor, é a de que é preciso haver uma reflexão ética sobre o uso dos nomes próprios.

Esse poder mobilizador e valorativo dos usos que fazemos dos nomes próprios parece ser incontestável; nossa prática linguística cotidiana parece confirmá-lo amplamente. Parece óbvio que nomes próprios têm uma história e que é inevitável que o bom e o mau dessa história venham à tona quando os usamos. Todavia, como aprendem todos aqueles que vêm a se familiarizar com a história da filosofia, dificilmente se encontrará uma tese filosófica que não seja contestada por algum filósofo.

Não é diferente com a tese de que nomes próprios são usados como ferramentas que nos possibilitam fazer adscrições valorativas e atribuições de papéis sociais. Na verdade, para quem milita na filosofia da linguagem contemporânea, a tese, prima facie, está longe de ser evidente. Uma dificuldade especialmente ingrata para essa tese pode ser acarretada pela visão milliana.

De acordo com essa visão, que, apesar do recente declínio, provavelmente ainda é a visão dominante sobre nomes próprios na filosofia da linguagem analítica, nomes próprios são termos exclusivamente denotativos, o que quer dizer que eles não têm um conteúdo semântico; sua única função semântica seria a de designar o nomeado (designar sem descrever, designar sem adjudicar).

Mas a tese defendida pelo professor Gurgel parece afirmar não apenas que nomes próprios têm um conteúdo, mas, mais do que isso, que esse conteúdo traz em seu bojo adscrições valorativas que conferem ao seu uso cotidiano o caráter de uma performance moral. Isso aparentemente colide de forma frontal e desastrosa com a visão milliana.

A tese principal, ou pelo menos a que é mais cara ao autor, é a de que é preciso haver uma reflexão ética sobre o uso dos nomes próprios. Não é difícil perceber que esta tese é um corolário daquela. Se nomes próprios são usados para situar o nomeado numa ordem valorativa e num emaranhado de relações de poder dentro da tessitura social, o uso dos nomes próprios é eticamente relevante, e, se assim é, os filósofos morais deveriam refletir sobre esse uso.

De fato, no entender do autor, essa não é apenas uma sugestão facultativa, mas uma pauta obrigatória para a filosofia moral. A tese mestra que ele defende, portanto, é a de que uma ética dos nomes próprios é não apenas possível ou aconselhável; ela é necessária e urgente. É essa tese, acima de qualquer outra, que ele almeja tornar plausível aos olhos do leitor.

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Não é diferente com a tese de que nomes próprios são usados como ferramentas que nos possibilitam fazer adscrições valorativas e atribuições de papéis sociais. Na verdade, para quem milita na filosofia da linguagem contemporânea, a tese, prima facie, está longe de ser evidente. Uma dificuldade especialmente ingrata para essa tese pode ser acarretada pela visão milliana.

De acordo com essa visão, que, apesar do recente declínio, provavelmente ainda é a visão dominante sobre nomes próprios na filosofia da linguagem analítica, nomes próprios são termos exclusivamente denotativos, o que quer dizer que eles não têm um conteúdo semântico; sua única função semântica seria a de designar o nomeado (designar sem descrever, designar sem adjudicar).

Mas a tese defendida pelo professor Gurgel parece afirmar não apenas que nomes próprios têm um conteúdo, mas, mais do que isso, que esse conteúdo traz em seu bojo adscrições valorativas que conferem ao seu uso cotidiano o caráter de uma performance moral. Isso aparentemente colide de forma frontal e desastrosa com a visão milliana.

A tese principal, ou pelo menos a que é mais cara ao autor, é a de que é preciso haver uma reflexão ética sobre o uso dos nomes próprios. Não é difícil perceber que esta tese é um corolário daquela. Se nomes próprios são usados para situar o nomeado numa ordem valorativa e num emaranhado de relações de poder dentro da tessitura social, o uso dos nomes próprios é eticamente relevante, e, se assim é, os filósofos morais deveriam refletir sobre esse uso.

De fato, no entender do autor, essa não é apenas uma sugestão facultativa, mas uma pauta obrigatória para a filosofia moral. A tese mestra que ele defende, portanto, é a de que uma ética dos nomes próprios é não apenas possível ou aconselhável; ela é necessária e urgente. É essa tese, acima de qualquer outra, que ele almeja tornar plausível aos olhos do leitor.

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