Auristela Do Nascimento Melo – Empreendedorismo Coletivo Feminino: O Ofício Das Rendeiras De Ilha Grande No Piauí
O empreendedorismo é um fenômeno que desperta o interesse de vários estudiosos, sobretudo pela sua capacidade de revolucionar silenciosamente uma sociedade e uma economia.
De fato, é uma revolução, uma que vez promove mudanças em suas estruturas, que podem ocorrer em um período relativamente curto de tempo. Por outro lado, é silenciosa na medida em que não causa alardes e quando menos se espera, tais mudanças já se instalaram.
A partir dessa constatação, inúmeras pesquisas têm estudado a influência da dinâmica de grupo, das redes de relações e das ações coletivas no processo de empreender. E é desta forma que o empreendedorismo surge em função de tais influências e recebe a denominação de empreendedorismo coletivo.
Assim, o empreendedorismo coletivo, de forma geral, tem como uma de suas principais caraterísticas a dependência de variáveis como: laços de rede, interdependência, contexto social, origens locais, a dinâmica da comunidade e oportunidades conjuntas.
Por meio dessas, outras características podem ser mencionadas, como a territorialidade, a competitividade e a cooperação para que as ações aconteçam entre os atores interessados.
A maioria dos estudos, entretanto, foca o empreendedorismo conduzido por um único agente catalizador, o empreendedor, que, via de regra, é do sexo masculino. Desconsidera, por vezes, as influências das ações coletivas geradas pelo perfil empreendedor feminino que tal fenômeno apresenta.
Por meio deste estudo, realizado pela administradora e professora Auristela do Nascimento Melo, é possível perceber que o empreendedorismo coletivo feminino pode ser mais bem observado em aglomerações produtivas (empreendimentos coletivos), uma vez que nelas estão presentes a maioria das variáveis que o caracterizam.
Dentre tais aglomerações, destaca-se a Associação das Rendeiras dos Morros da Mariana. Mas como o empreendedorismo coletivo feminino contribui para a geração de renda?
Com uma profunda análise qualitativa dos dados, decorrente de uma metodologia robusta, mas ao mesmo tempo precisa, a professora Auristela demostra que o empreendedorismo coletivo feminino é igualmente capaz de gerar renda, graças, sobretudo, ao conjunto de comportamentos empreendedores que ela observou de forma científica.
E tais comportamentos merecem uma atenção especial por parte de nós leitores para uma compreensão maior desse fenômeno.
Assim, este livro, de forma magistral, mostra como o empreendedorismo, de forma coletiva e capitaneada por mulheres, é capaz de revolucionar silenciosamente uma localidade, uma vez que se observou o impacto socioeconômico oriundo das atividades realizadas pelas artesãs da Ilha Grande, empreendedoras da
Associação das Rendeiras dos Morros da Mariana.
Além disso, esta obra serve de referência, tanto teórica quanto metodológica, para estudos futuros, uma vez que se trata de um estudo recente e pouco explorado.