Atlas Dos Monumentos Históricos E Artísticos Do Brasil

A abóbada azulejada, seiscentista, do Convento de Santo Antônio do Recife.
Os restos nobres de cantaria do Engenho Murucutu, nas cercanias de Belém do Pará, guardados como segredo na floresta de apuizeiros.


As pencas de cajus e abacaxis esculpidos, presas por fitas no altar da capelinha de Nossa Senhora da Conceição de Voturuna, em São Paulo.
As colunas salomônicas com ramos de videira em arcos concêntricos, na igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, na área onde a posse da terra foi disputada em duas batalhas.
A portada em pedra de lioz da igreja do Carmo do Rio de Janeiro, no Beco dos Barbeiros, escondendo seu requinte aos passantes afobados da Rua 1º de Março.
Os teatros que foram a glória do século 19 em Manaus, Belém, São Luiz e Fortaleza, cidade que mandou buscar na Inglaterra sua estrutura de ferro.
A casinha solitária de porta e janela, sem ornatos, de José de Alencar, em Mecejana, conservando no ar a promessa de um mundo de figuras da selva e da cidade, entrelaçadas em pensamento romântico.
O galo de ferro a dominar a sineira, no alto da fachada da Casa de Câmara e Cadeia de Goiás, tentando talvez fazer soar, no amanhecer, o canto da liberdade para os presos lá dentro.
A talha dourada que o dono do Solar Jacinto Dias, em Sabará, mandou colocar em sua capela particular, dando maior pompa às orações da família.
O rococó namorando o barroco na talha e pintura da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, no Recife.
O encontro brusco do século 17, no alto da rua Faro, para os lados do Corcovado, diante do copiar da capelinha de Nossa Senhora das Cabeças.
O chafariz da Boa Morte, em Goiás, fazendo viver a água em tanques curvilíneos.
O cadeiral nobre da capela-mor da catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Mariana, convidando antes a uma assembléia de juízes, sábios e potentados que decidissem do destino das almas, entre alegorias chinesas.
Os Fonseca, também Galvão, ostentando, na portada da Casa dos Sete Candeeiros, em Salvador, a prosápia de suas armas em cartela.
O vasto balcão corrido na fachada do sobrado sergipano de São Cristóvão, que derramava sobre a cidade a importância social de seus proprietários.
As treliças do avarandado da casa de onde Chica da Silva assistia à passagem, na rua de Diamantina, da comédia do mundo.
O que resta da orgulhosa Casa da Torre de Garcia d’Ávila, em frente ao mar de Tatuapara, na Bahia, com sua capela de batistério de mármore rosado e teto em forma de concha.
O que é do Aleijadinho e do Ataíde nas igrejas mineiras do ouro e não precisa ser exaltado: as obras falam por si, e a fala é música de Deus e do homem.
Nem é necessário apontar São Bento do Rio de Janeiro, a Capela Dourada dos terceiros de São Francisco no Recife, a fachada de outros terceiros na Bahia, e outras jóias e glórias do tempo-arte do país.
Tudo isso desfilando em fotos e desenhos, e no texto preciso de Augusto Carlos da Silva Telles em seu Atlas dos Monumentos Históricos e Artísticos do Brasil, uma dessas obras que ensinam a conhecer e amar uma pedra lavrada, um arabesco, um painel, um azulejo e tudo que eles podem contar do espírito criador do homem na intenção de dar beleza e dignidade à vida (função primeira da arte).

Tempo-Arte Do Brasil
Carlos Drummond de Andrade

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Os restos nobres de cantaria do Engenho Murucutu, nas cercanias de Belém do Pará, guardados como segredo na floresta de apuizeiros.
As pencas de cajus e abacaxis esculpidos, presas por fitas no altar da capelinha de Nossa Senhora da Conceição de Voturuna, em São Paulo.
As colunas salomônicas com ramos de videira em arcos concêntricos, na igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, na área onde a posse da terra foi disputada em duas batalhas.
A portada em pedra de lioz da igreja do Carmo do Rio de Janeiro, no Beco dos Barbeiros, escondendo seu requinte aos passantes afobados da Rua 1º de Março.
Os teatros que foram a glória do século 19 em Manaus, Belém, São Luiz e Fortaleza, cidade que mandou buscar na Inglaterra sua estrutura de ferro.
A casinha solitária de porta e janela, sem ornatos, de José de Alencar, em Mecejana, conservando no ar a promessa de um mundo de figuras da selva e da cidade, entrelaçadas em pensamento romântico.
O galo de ferro a dominar a sineira, no alto da fachada da Casa de Câmara e Cadeia de Goiás, tentando talvez fazer soar, no amanhecer, o canto da liberdade para os presos lá dentro.
A talha dourada que o dono do Solar Jacinto Dias, em Sabará, mandou colocar em sua capela particular, dando maior pompa às orações da família.
O rococó namorando o barroco na talha e pintura da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, no Recife.
O encontro brusco do século 17, no alto da rua Faro, para os lados do Corcovado, diante do copiar da capelinha de Nossa Senhora das Cabeças.
O chafariz da Boa Morte, em Goiás, fazendo viver a água em tanques curvilíneos.
O cadeiral nobre da capela-mor da catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Mariana, convidando antes a uma assembléia de juízes, sábios e potentados que decidissem do destino das almas, entre alegorias chinesas.
Os Fonseca, também Galvão, ostentando, na portada da Casa dos Sete Candeeiros, em Salvador, a prosápia de suas armas em cartela.
O vasto balcão corrido na fachada do sobrado sergipano de São Cristóvão, que derramava sobre a cidade a importância social de seus proprietários.
As treliças do avarandado da casa de onde Chica da Silva assistia à passagem, na rua de Diamantina, da comédia do mundo.
O que resta da orgulhosa Casa da Torre de Garcia d’Ávila, em frente ao mar de Tatuapara, na Bahia, com sua capela de batistério de mármore rosado e teto em forma de concha.
O que é do Aleijadinho e do Ataíde nas igrejas mineiras do ouro e não precisa ser exaltado: as obras falam por si, e a fala é música de Deus e do homem.
Nem é necessário apontar São Bento do Rio de Janeiro, a Capela Dourada dos terceiros de São Francisco no Recife, a fachada de outros terceiros na Bahia, e outras jóias e glórias do tempo-arte do país.
Tudo isso desfilando em fotos e desenhos, e no texto preciso de Augusto Carlos da Silva Telles em seu Atlas dos Monumentos Históricos e Artísticos do Brasil, uma dessas obras que ensinam a conhecer e amar uma pedra lavrada, um arabesco, um painel, um azulejo e tudo que eles podem contar do espírito criador do homem na intenção de dar beleza e dignidade à vida (função primeira da arte).

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