As Serpentes Dos Cacauais Do Sudeste Da Bahia

Um inventário das serpentes da principal região cacaueira da Bahia foi realizado entre 1986 e 1999. Nesta região o cacaueiro é cultivado sob a floresta natural raleada (cabruca) ou sob um sombreamento homogêneo (Erythrina). Foram investigadas 256 propriedades agrícolas em 38 municípios da região.


As coletas foram realizadas por trabalhadores rurais, principalmente durante as práticas culturais do cacau. Todo o material coletado encontra-se abrigado na Coleção Zoológica Gregório Bondar, pertencente ao Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC/CEPLAC), em Ilhéus.
Foram obtidos 4.680 exemplares de 61 espécies, das quais 38 ocorrem na Amazônia e 19 são endêmicas da Mata Atlântica. Aparentemente, apenas Eunectes murinus, Liophis almadensis, L. viridis e Taeniophallus occipitalis não ocorrem em toda a região estudada.
Em Ilhéus, a localidade mais demoradamente investigada (177 meses), foram registradas 51 (83,6 %) das espécies estudadas. O número de espécies de serpentes de florestas coletado em cacauais de Ilhéus (15oS) foi quase o mesmo obtido nas florestas de Manaus (3oS).
Características relativas ao hábitat, uso de microhabitat, período de atividade e dieta foram obtidas da literatura sobre as mesmas espécies na região Amazônica. Das espécies estudadas, 44 são de florestas, uma de áreas abertas, quinze generalistas e uma vive em ambientes aquáticos. De 1.940 serpentes com dados do ambiente de coleta, 80,1 % procedem de cacauais, 3,7 % de outros ambientes florestados e 16,2 % de outros ambientes.
Com exceção de Eunectes murinus, Leptotyphlops macrolepis e Dipsas albifrons, ao menos um exemplar de cada espécie foi encontrado em cacaual. Apenas um indivíduo da espécie de áreas abertas foi capturado no interior de cacauais. As serpentes estudadas são terrícolas (50,8 %), arborícolas ou subarborícolas (37,7 %), fossórias (9,8 %) e aquícola (1,6 %).
Entre as espécies com informação disponível predomina a atividade diurna (56,9 %) sobre a noturna (43,1 %). Répteis (principalmente lagartos) e anfíbios fazem parte da dieta da maioria das espécies (62,3 e 50,8 %, respectivamente). Outros itens mais comumente consumidos são mamíferos (29,5 %), aves (19,7 %) e moluscos (9,8 %). As serpentes com maior número de coletas em cacauais predam moluscos (Dipsas, Sibynomorphus), anfíbios anuros (L. miliaris, Xenodon rabdocephalus), mamíferos (Corallus hortulanus, Bothrops leucurus, B. jararaca) e lagartos (Oxyrhopus petola).
De cinco espécies, foram registradas cópula (Dipsas neivai, X. rabdocephalus, Micrurus corallinus) ou ovipostura (D. catesbyi, Xenopholis scalaris) no interior de cacauais. Das três propriedades mais demoradamente investigadas, a Sede Regional da CEPLAC, e as fazendas Santa Maria e Formosa, apenas as duas últimas possuem florestas significativas contíguas aos cacauais, porém, a composição da ofiofauna não diferiu muito entre elas.

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Um inventário das serpentes da principal região cacaueira da Bahia foi realizado entre 1986 e 1999. Nesta região o cacaueiro é cultivado sob a floresta natural raleada (cabruca) ou sob um sombreamento homogêneo (Erythrina). Foram investigadas 256 propriedades agrícolas em 38 municípios da região.
As coletas foram realizadas por trabalhadores rurais, principalmente durante as práticas culturais do cacau. Todo o material coletado encontra-se abrigado na Coleção Zoológica Gregório Bondar, pertencente ao Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC/CEPLAC), em Ilhéus.
Foram obtidos 4.680 exemplares de 61 espécies, das quais 38 ocorrem na Amazônia e 19 são endêmicas da Mata Atlântica. Aparentemente, apenas Eunectes murinus, Liophis almadensis, L. viridis e Taeniophallus occipitalis não ocorrem em toda a região estudada.
Em Ilhéus, a localidade mais demoradamente investigada (177 meses), foram registradas 51 (83,6 %) das espécies estudadas. O número de espécies de serpentes de florestas coletado em cacauais de Ilhéus (15oS) foi quase o mesmo obtido nas florestas de Manaus (3oS).
Características relativas ao hábitat, uso de microhabitat, período de atividade e dieta foram obtidas da literatura sobre as mesmas espécies na região Amazônica. Das espécies estudadas, 44 são de florestas, uma de áreas abertas, quinze generalistas e uma vive em ambientes aquáticos. De 1.940 serpentes com dados do ambiente de coleta, 80,1 % procedem de cacauais, 3,7 % de outros ambientes florestados e 16,2 % de outros ambientes.
Com exceção de Eunectes murinus, Leptotyphlops macrolepis e Dipsas albifrons, ao menos um exemplar de cada espécie foi encontrado em cacaual. Apenas um indivíduo da espécie de áreas abertas foi capturado no interior de cacauais. As serpentes estudadas são terrícolas (50,8 %), arborícolas ou subarborícolas (37,7 %), fossórias (9,8 %) e aquícola (1,6 %).
Entre as espécies com informação disponível predomina a atividade diurna (56,9 %) sobre a noturna (43,1 %). Répteis (principalmente lagartos) e anfíbios fazem parte da dieta da maioria das espécies (62,3 e 50,8 %, respectivamente). Outros itens mais comumente consumidos são mamíferos (29,5 %), aves (19,7 %) e moluscos (9,8 %). As serpentes com maior número de coletas em cacauais predam moluscos (Dipsas, Sibynomorphus), anfíbios anuros (L. miliaris, Xenodon rabdocephalus), mamíferos (Corallus hortulanus, Bothrops leucurus, B. jararaca) e lagartos (Oxyrhopus petola).
De cinco espécies, foram registradas cópula (Dipsas neivai, X. rabdocephalus, Micrurus corallinus) ou ovipostura (D. catesbyi, Xenopholis scalaris) no interior de cacauais. Das três propriedades mais demoradamente investigadas, a Sede Regional da CEPLAC, e as fazendas Santa Maria e Formosa, apenas as duas últimas possuem florestas significativas contíguas aos cacauais, porém, a composição da ofiofauna não diferiu muito entre elas.

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