
Os textos que compõem Entre A Itália E O Brasil Meridional resultam de estudos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros que se depararam com a temática da História da Imigração Italiana, abordando as relações entre a Itália e o Brasil através do uso de fontes orais. Nos últimos anos, o uso da metodologia da História Oral tem recebido um destaque em diversas investigações históricas (livros, teses, dissertações e artigos científicos).
Algumas se referem às representações e às memórias identitárias elaboradas em âmbito familiar e comunitário pelos descendentes dos imigrantes pioneiros chegados no Brasil no final do século XIX e início do XX. Mas ainda mais o uso da metodologia se expandiu, especialmente, nos estudos sobre o período sucessivo à Segunda Guerra Mundial, assim como sobre mobilidades humanas mais recentes do Tempo Presente, quando os entrevistados são os protagonistas diretos dessas experiências.
É importante salientar que, quando se investigam questões identitárias referentes ao fenômeno, a história oral é uma metodologia preciosa para compreender o cotidiano, os hábitos, a vida privada, as formas de sociabilidade, o idioma que os imigrantes falavam em casa e muitos outros elementos relacionados. Nesse sentido, na perspectiva do teórico italiano Giovanni Contini, a boa utilização da História Oral nos permite criar uma relação entre a pequena história individual contada pelo entrevistado, e a grande história que aprendemos por intermédio dos documentos “tradicionais”.
O pesquisador social terá a habilidade de variar as escalas investigativas, maximizando a fonte oral para compreender o tipo de subjetividade dentro de uma coletividade específica, enquanto reduzirá o campo a ser esclarecido dentro dos grandes acontecimentos históricos. Ou seja, podemos criar um espaço social intermédio, que se diferencia do micro e também do macro, através da coleta de várias narrativas biográficas, que além dos aspectos individuais, deixam aparecer uma tipologia da memória que se torna igual ou parecida em diferentes entrevistas.
Trata-se de uma espécie de “memória coletiva” não extrema, como a entende Halbwachs, mas que se apresenta como lembrança de um passado comum dentro uma coletividade que constrói e reconstrói uma própria identidade compartilhada. Como demonstram os estudos de caso publicados nesse livro, esta lógica funciona com as comunidades mais ou menos numerosas de imigrantes italianos, tanto no espaço urbano como no colonial.











