A escrita de Tchékhov revelou-se para o mundo como uma força inovadora tanto no âmbito do conto como do teatro moderno. Mestre nesses dois gêneros, o escritor russo interessava-se por desvendar o estado psicológico dos personagens, seus sentimentos e aflições, fossem eles camponeses, burgueses, nobres abastados ou aristocratas decadentes. Para Tchékhov, um dos maiores contistas da literatura, uma história tinha que ser contada com originalidade e revestida de calor humano.
Estes doze contos são coroados pela mais célebre de suas histórias curtas, “A dama do cachorrinho” (1899), na qual o autor lança um olhar singular sobre o adultério e o surgimento do amor. Pincelado com um humor melancólico, este precioso conjunto apresenta também “Anna no pescoço”, “A corista” e “Iônytch”, além de outros contos que estão entre os mais lidos da literatura ocidental.
Anton Pávlovitch Tchekhov nasce em Taganrog, sul da Rússia, em 1860. Em 1879, ingressa na Faculdade de Medicina de Moscou e passa a publicar pequenos textos em periódicos da cidade. Obtém o diploma em 1884 e começa a trabalhar como médico, mas sua fama como escritor e contista cresce continuamente, e em 1886 torna-se colaborador da revista Nóvoie Vrêmia. A montagem de sua peça A gaivota, em 1898, por Stanislavski, obtém grande êxito, o que leva o Teatro de Arte de Moscou a encomendar outras peças para o autor. Surgem então Tio Vânia (1897), Três irmãs (1901) e O jardim das cerejeiras (1904). Em 1898 adquire uma vila em Ialta, na Crimeia, onde se estabelece para cuidar de uma tuberculose. Ali escreve um de seus mais famosos contos, “A dama do cachorrinho” (1899). Em maio de 1901, casa-se com a atriz Olga Knipper, que vivia em Moscou. Junto com ela, viaja três anos depois a Badenweiler, na Alemanha, para tratar sua doença, mas acaba falecendo nesta cidade em 15 de julho de 1904.