
Capaz de transportar o leitor para o século XIX, Dez Freguesias Da Cidade Do Salvador é uma obra que reconstitui a sociedade soteropolitana no período de 1760 a 1870. Retrata minuciosamente os aspectos sociais, econômicos e políticos de uma época marcada por dualismos e contradições, proporcionando uma viagem pela história regional e revelando características dos grupos e segmentos sociais daquele momento.
A ideia formal de Dez Freguesias Da Cidade Do Salvador é preocupar-se com a história da cidade de Salvador no período em que, por cerca de cem anos (1760-1870), nela existiam dez freguesias urbanas. Hipóteses lançadas e afirmativas ou suposições tradicionalmente aceitas através de demonstrações e levantamentos, são comprovadas ou negadas mediante aplicação de métodos quantitativos.
Uma indagação sobre o suposto “enigma baiano” paira durante todo o trabalho. Que condições sociais e econômicas levaram a Bahia à séria crise econômica do final do século XIX, estendendo-se pelas décadas seguintes, em pleno século XX?
Dez Freguesias Da Cidade Do Salvador procura também caracterizar os segmentos e grupos sociais. O trabalho proposto é importante na medida em que busca a compreensão da sociedade como um todo, usando técnicas adequadas, pois os elementos de cor e a existência da escravidão no Brasil criam binômios antagônicos ou alternativos como: população branca ou de cor, população livre ou escrava, ou então, voltando-se para os problemas econômicos, grupos de alta renda, grupos de média ou de quase nenhuma renda.
A simples afirmativa de que só existiam na sociedade brasileira senhores e escravos, é absolutamente falsa quando se percebe, através das contagens demográficas, a existência de uma grande faixa média da sociedade, que surge bastante palpável nas páginas de Dez Freguesias Da Cidade Do Salvador, ocupando espaços intermediários antes imprevisíveis.
