
O livro A Musicalidade Dos Bebês: Educação E Desenvolvimento, muito além de tratar da questão empírica e científica da musicalidade dos bebês, tema por si mesmo instigante e singular, proporciona uma verdadeira experiência estética ao leitor.
Quando me reporto à estética remonto ao sentido grego a ela atribuído, palavra grega aisthesis, que significa “apreensão pelos sentidos”, “percepção”, na qual o ser humano, respeitado em sua inteireza “corpo e mente”, faz uso de suas potências bio-psíquico-culturais para fruir os sentidos sensoriais, a intelecção e a emoção na promoção do Belo.
A Musicalidade Dos Bebês é uma verdadeira obra de arte que dialoga com a base aristotélica da práxis (ação), da poiesis (criação) e da techné (regras e procedimentos de produção), sem o eivo da hierarquização, em seu arcabouço teórico e metodológico. E dialoga com a dimensão política, social e ética da infância e sua musicalidade, por meio da Teoria Histórico-Cultural.
A Musicalidade Dos Bebês traz as marcas dos Encontros da autora, em seu processo de fazer pesquisa e fazer-se nela, com Pederiva (orientadora e artista da ciência da educação); com Vigotski (a seiva que alimentou o constructo teórico criança-musicalidade-experiência social); com outros Intelectuais não menos importante, a exemplo de Marx, Leontiev e Luria; com os bebês e suas musicalidades, assim como com a musicalidade de sua própria criança interior.
Encontros que geraram esse livro potente, que traz em si constantes sínteses elaboradas pelo crivo do pensamento dialético que insiste em estar presente o tempo todo na obra, coisa de pessoa que vive o exercício de ser e fazer a dialética de maneira coerente, onde teoria e prática se encontram de maneira indivisível.
O espírito de A Musicalidade Dos Bebês é a experiência de viver e de fazer ciência da educação dialeticamente. Defende-se a tese de que “o comportamento musical tem início na filogênese, mas é sob a ação da cultura que ocorre o desenvolvimento da musicalidade humana, ainda quando se é bebê”, reitera autora.
E, nesse processo, a criança interior da autora nos guia, nos ensina a observar a complexidade temática. Ela conduz o leitor na trajetória narrativa.











