O Dicionário Crítico De Gênero partiu do entendimento de que era necessário reunir numa obra o conjunto de vocábulos de referencial crítico, assim como aqueles termos que permitem um tratamento problematizador do universo dos estudos de gênero, mulheres, masculinidades e sexualidades. A iniciativa foi possível pelo apoio da UFGD e da existência de um Laboratório de Estudos de Gênero, História e Interculturalidade (LEGHI), e da Cátedra/UNESCO – Diversidade cultural, Gênero e Fronteiras alojados nesta universidade.
Agora em uma segunda edição, com a responsabilidade desta obra ter sido agraciada em 1º lugar com o prêmio nacional da ABEU (Associação Brasileira de Editoras Universitárias) 2016, na categoria Ciências Humanas, a obra é revista e novos verbetes são incorporados.
Nestes tempos sombrios em que a categoria de análise de gênero é, em muitos espaços, especialmente política e religiosa, demonizada, escrever sobre esta temática revela-se um trabalho de responsabilidade social. Temos a certeza de que muitos e muitas que se arvoram em críticas, desconhecem seu verdadeiro sentido. Como combater, por exemplo, a violência contra a mulher e os homossexuais, chaga mundial, se não conhecermos a história do desprezo ao corpo feminino?
Joan Scott, uma das criadoras da categoria de análise “gênero”, na década de 80, através de seu paradigmático texto Gênero: uma categoria útil de análise histórica, proporcionou um novo universo linguístico-conceitual, transdisciplinar, ampliando o debate epistemológico no conjunto da comunidade acadêmica. Scott, atenta ao movimento conservador que assola o Ocidente, e não somente o Brasil, reitera a importância do conceito gênero, transformado em uma questão política.
Como a categoria de análise de gênero pressupõe a incorporação de outros tantos conceitos e de diversas autoras/es que historicamente auxiliaram as análises, a proposta deste dicionário é de se apresentar como uma obra plural, que tem a pretensão de visualizar as diferenças de interpretações.