Muito mais no sentido de propiciar um ordenamento temático do que propriamente atender as demandas da existência de uma identidade teórico-metodológica, os textos que compõem esta coletânea estão aglutinados por uma espécie de “proximidade temática”.
Nesse sentido, temos os cinco primeiros artigos que se “unem” em torno de uma espécie de “padrão moral” que perpassa a ideia de honra masculina, diretamente vinculada ao exercício da sexualidade feminina e aí se inserem as mulheres que traem, as prostitutas e as “piriguetes” da atualidade, ou as mães omissas que não conseguem dar resposta imediata para a violência sexual.
O primeiro artigo desse bloco, intitulado Os crimes passionais em Salvador: gênero e honra (1890-1940), de Antonio Carlos Lima da Conceição e Lina Maria Brandão de Aras, analisa a construção da figura do crime passional e sua aplicação nas ações do tribunal do júri da Bahia/Salvador nos primeiros cinquenta anos da República, à luz das determinações do Código Penal de 1890 e de seu substituto republicano, o Código Penal de 1940. Fundamentado em uma importante pesquisa documental, com destaque para os diversos relatos de crimes identificados como passionais, publicados no Diário da Bahia no período correspondente, os autores analisam, a partir de uma perspectiva das relações de gênero, a construção dos estereótipos do criminoso passional e de sua vítima. No desenrolar do artigo os autores mostram, através dos discursos de advogados e da própria imprensa, a existência de uma espécie de aceitação do ato a partir de justificativas pautadas em construções de gênero, onde os “[…] passionais eram também pessoas de ‘alma sensível’”, levados pelo desespero de verem sua honra ferida. Para os autores, o criminoso passional como uma criação jurídica de uma prática cultural, marcou a cidade do Salvador no período estudado (1890-1940), a qual internalizou as concepções de gênero como justificativa para a prática dos crimes passionais envolvendo casais.
Utilizando-se do levantamento minucioso das personagens de Jorge Amado realizado por Paulo Tavares, autor do dicionário Criaturas de Jorge Amado, cuja primeira edição data de 1985, Gustavo do Rego Barros Brivio e Cecília Sardenberg, no artigo Representações sobre a prostituição feminina. na obra de Jorge Amado: um estudo estatístico, partir de um exame quantitativo, analisam as representações sobre as prostitutas na obra de Jorge Amado.
Estudos De Gênero E Interdisciplinaridade No Contexto Baiano
- Ciências Sociais
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