
A Política No Corpo traz à tona diferentes processos reflexivos, investigativos e políticos no que concerne à problematização e desestabilização das propostas de desflorar a vida, bem como a busca por outras formas e possibilidades de compreensão, produção e expressão de nossos corpos.
Num contexto marcado por diversos fascismos e fundamentalismos, situações de opressão se tornam tão constantes quanto violentas, colocando a exuberância da vida em processos contínuos de poda. Podam-se os pelos, os cabelos, os seios, os sonhos e seus desejos. Podam-se as flores, a vivacidade das cores, seus afetos e seus amores.
A existência de corpos que negam a formatação a esses processos de poda faz com que os campos de flores, transformados em campos de guerra, logo se tornem zona propícia para a denúncia das espoliações diárias que intentam e criam corpos e subjetividades normatizados.
Dessa forma, as leitoras e leitores que entrarem em contato com as dezesseis experiências aqui relatadas e organizadas, vivenciarão de distintas formas o passeio por esses campos de guerra que atingem nossos próprios corpos e subjetividades, percebendo as tecnologias sofisticadas que são utilizadas para a mortificação da vida, bem como as apostas e respostas mais criativas para que essas próprias vidas se multipliquem e floresçam nesses lugares de disputa.
O título A Política No Corpo: Gêneros E Sexualidades Em Disputa já adianta, a seus interlocutores, que esta obra se preocupa em problematizar ideais hegemônicos sobre corpos, gêneros e sexualidade e suas reverberações nas políticas da vida.
Os textos, aqui apresentados, percorrendo diferentes apostas e atitudes de pesquisa, se enredam como fios que tramam o tecido das histórias e das temáticas colocadas, apresentando-se como mais uma possibilidade de produzir estranhamento sobre e com as políticas em curso e suas estratégias de produção de realidades.
Muito mais do que um conjunto de textos denunciativos e pessimistas sobre a atual conjuntura política, econômica e social, este livro se coloca como um conjunto plural e cintilante de armamentos e munições babadeiras para as diferentes guerras cotidianas às quais somos convocadas e convocados.
