Caleidoscópio Político

O cenário conturbado e complexo do campo internacional durante o final dos anos 1930 e o início dos anos 1940, tempo em que o mundo envolveu-se em uma outra grande guerra, é o pano de fundo deste estudo que contempla, ainda, os reflexos desses contextos no Brasil.


Consequência das mudanças de paradigmas vividas no seio das ciências sociais desde os anos 1960 e 1970, os estudos sobre a imprensa sofreram inflexão metodológica importante com o trabalho de Maria Helena Rolim Capelato e Maria Lígia Coelho Prado, publicado no início da década de 1980. Também no campo da sociologia inúmeros trabalhos contribuíram para um aumento exponencial, no que se refere à imprensa como fonte.
Sabe-se que a imprensa participa ativamente do momento histórico no qual está inserida, uma vez que registra e tece considerações a respeito de fatos do dia a dia, tornando possível “reconstruir os lances e peripécias dessa batalha cotidiana na qual se envolvem múltiplos personagens”.
O trabalho com os jornais é sempre arriscado, pois implica adentrar meandros repletos de complexidade e sutilezas. Faz-se necessária uma análise não só do objeto que se estuda, mas, ainda, do contexto no qual aquela fonte se insere e exige do leitor/pesquisador estudar as biografias dos personagens que compõem esse cenário. Isso posto, resta a dúvida: de que forma se deve abordar essa fonte – o jornal – como objeto de pesquisa?
O regime estadonovista investiu num projeto político-cultural que reservou papel de destaque para os meios de comunicação de massa, como a imprensa e o rádio, veículo recém-surgido e que se difundiu exatamente nessa época. Ao lado da persuasão – empréstimos, verbas publicitárias –, não se hesitou em tomar medidas mais drásticas, exemplificadas na ocupação do jornal O Estado de S. Paulo. Invadido em março de 1940 e dirigido pelo interventor designado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), Abner Mourão, o matutino tornou-se porta-voz do varguismo.
Evidencia-se, portanto, que a imprensa teve sua liberdade cerceada em nome de uma ideologia e de um regime autoritário que, via coerção, pretendia criar uma comunidade nacional fundamentada na “brasilidade”.
Caleidoscópio Político insere-se na intersecção entre os campos da história política e da história cultural. A história política foi bastante criticada pelos Annales por reduzir o campo do político aos grandes acontecimentos, a vida dos reis ou a decisões tomadas pelos principais líderes dos Estados nacionais. No entanto, conheceu renovações que trouxeram novos conceitos como representação e imaginário, por exemplo.

 

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O cenário conturbado e complexo do campo internacional durante o final dos anos 1930 e o início dos anos 1940, tempo em que o mundo envolveu-se em uma outra grande guerra, é o pano de fundo deste estudo que contempla, ainda, os reflexos desses contextos no Brasil.
Consequência das mudanças de paradigmas vividas no seio das ciências sociais desde os anos 1960 e 1970, os estudos sobre a imprensa sofreram inflexão metodológica importante com o trabalho de Maria Helena Rolim Capelato e Maria Lígia Coelho Prado, publicado no início da década de 1980. Também no campo da sociologia inúmeros trabalhos contribuíram para um aumento exponencial, no que se refere à imprensa como fonte.
Sabe-se que a imprensa participa ativamente do momento histórico no qual está inserida, uma vez que registra e tece considerações a respeito de fatos do dia a dia, tornando possível “reconstruir os lances e peripécias dessa batalha cotidiana na qual se envolvem múltiplos personagens”.
O trabalho com os jornais é sempre arriscado, pois implica adentrar meandros repletos de complexidade e sutilezas. Faz-se necessária uma análise não só do objeto que se estuda, mas, ainda, do contexto no qual aquela fonte se insere e exige do leitor/pesquisador estudar as biografias dos personagens que compõem esse cenário. Isso posto, resta a dúvida: de que forma se deve abordar essa fonte – o jornal – como objeto de pesquisa?
O regime estadonovista investiu num projeto político-cultural que reservou papel de destaque para os meios de comunicação de massa, como a imprensa e o rádio, veículo recém-surgido e que se difundiu exatamente nessa época. Ao lado da persuasão – empréstimos, verbas publicitárias –, não se hesitou em tomar medidas mais drásticas, exemplificadas na ocupação do jornal O Estado de S. Paulo. Invadido em março de 1940 e dirigido pelo interventor designado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), Abner Mourão, o matutino tornou-se porta-voz do varguismo.
Evidencia-se, portanto, que a imprensa teve sua liberdade cerceada em nome de uma ideologia e de um regime autoritário que, via coerção, pretendia criar uma comunidade nacional fundamentada na “brasilidade”.
Caleidoscópio Político insere-se na intersecção entre os campos da história política e da história cultural. A história política foi bastante criticada pelos Annales por reduzir o campo do político aos grandes acontecimentos, a vida dos reis ou a decisões tomadas pelos principais líderes dos Estados nacionais. No entanto, conheceu renovações que trouxeram novos conceitos como representação e imaginário, por exemplo.

 

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