Manto Da Apresentação

Diagnosticado como doente mental, Arthur Bispo do Rosário criou em fio azul e na acumulação de objetos um acervo artístico com mais de 800 peças.

Alguns poucos homens (e mulheres) excepcionais têm podido pensar e se preparar para sua própria morte, transformando essa preparação em algo admirável, em algo motriz de um legado artístico ou filosófico de densidades singulares. Nessa categoria se encaixa Arthur Bispo do Rosário, um mulato desvalido que se preparou com entusiasmo, dedicação absoluta e talento extraordinário para o momento de sua morte.

Bispo do Rosário não se intimidou nem se angustiou com a consciência de sua própria finitude, com a percepção da irreversibilidade de seu destino (destino de todos nós) e, ao contrário, se preparou com alegria para esse momento.

Enquanto o homem moderno tenta ignorar seu próprio destino, seu encontro com a morte, assumindo como sua a “verdade do gato”, Bispo do Rosário preparou-se com encantamento para o momento de sua verdade, quando encontraria sua própria morte e o Pai. Sem medo. Sem angústia. Sem sofrimento. Vivendo com alegria seus dias e noites alongadas na espera do momento. E enquanto esperava, fiava um mundo em miniatura que iria encantar o nosso mundo.

Bispo do Rosário não sabia, nem tampouco estava interessado em saber, que seu legado se tornaria parte da resistência da arte ao processo de desencantamento do mundo. A “arte” de Bispo do Rosário – a qual ele nunca esteve interessado em afirmar como tal – pôde ajudá-lo em sua preparação para o seu encontro final – para ele, apenas o grande começo. Da mesma maneira, o legado do Bispo do Rosário, a singeleza de sua arte, a beleza da presença de sua arte neste mundo, tem ajudado o homem a enfrentar o crescente processo de desencantamento desse mesmo mundo.

Em seu instigante estudo Manto Da Apresentação: Arthur Bispo Do Rosário Em Diálogo Com Deus, Alda de Moura Macedo Figueiredo se debruça sobre a vida e a percepção de mundo, em convergência com o sagrado, desse homem extraordinário que, temente a Deus, viveu seus dias na expectativa da morte, momento do encontro glorificado, enquanto cumpria a missão de inventariar o mundo para apresentar ao Criador.

Assentada nas peças "Manto da apresentação", no estandarte "Eu preciso destas palavras - Escrita" e sobre o fardão "Eu vi Jesus", a reflexão proposta dialoga com as teorias de Bauman, Hegel, William James e Foucault.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Manto Da Apresentação

Diagnosticado como doente mental, Arthur Bispo do Rosário criou em fio azul e na acumulação de objetos um acervo artístico com mais de 800 peças.

Alguns poucos homens (e mulheres) excepcionais têm podido pensar e se preparar para sua própria morte, transformando essa preparação em algo admirável, em algo motriz de um legado artístico ou filosófico de densidades singulares. Nessa categoria se encaixa Arthur Bispo do Rosário, um mulato desvalido que se preparou com entusiasmo, dedicação absoluta e talento extraordinário para o momento de sua morte.

Bispo do Rosário não se intimidou nem se angustiou com a consciência de sua própria finitude, com a percepção da irreversibilidade de seu destino (destino de todos nós) e, ao contrário, se preparou com alegria para esse momento.

Enquanto o homem moderno tenta ignorar seu próprio destino, seu encontro com a morte, assumindo como sua a “verdade do gato”, Bispo do Rosário preparou-se com encantamento para o momento de sua verdade, quando encontraria sua própria morte e o Pai. Sem medo. Sem angústia. Sem sofrimento. Vivendo com alegria seus dias e noites alongadas na espera do momento. E enquanto esperava, fiava um mundo em miniatura que iria encantar o nosso mundo.

Bispo do Rosário não sabia, nem tampouco estava interessado em saber, que seu legado se tornaria parte da resistência da arte ao processo de desencantamento do mundo. A “arte” de Bispo do Rosário – a qual ele nunca esteve interessado em afirmar como tal – pôde ajudá-lo em sua preparação para o seu encontro final – para ele, apenas o grande começo. Da mesma maneira, o legado do Bispo do Rosário, a singeleza de sua arte, a beleza da presença de sua arte neste mundo, tem ajudado o homem a enfrentar o crescente processo de desencantamento desse mesmo mundo.

Em seu instigante estudo Manto Da Apresentação: Arthur Bispo Do Rosário Em Diálogo Com Deus, Alda de Moura Macedo Figueiredo se debruça sobre a vida e a percepção de mundo, em convergência com o sagrado, desse homem extraordinário que, temente a Deus, viveu seus dias na expectativa da morte, momento do encontro glorificado, enquanto cumpria a missão de inventariar o mundo para apresentar ao Criador.

Assentada nas peças “Manto da apresentação”, no estandarte “Eu preciso destas palavras – Escrita” e sobre o fardão “Eu vi Jesus”, a reflexão proposta dialoga com as teorias de Bauman, Hegel, William James e Foucault.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog