As sociedades sempre conviveram com a violência. Mas, é certo que cada sociedade tem a sua própria violência e que, nos nossos dias, é maior a nossa intolerância aos comportamentos violentos, o que está associado, paradoxalmente, ao individualismo contemporâneo.
Digo paradoxalmente, ou melhor, diz Lipovetsky na obra a Era Do Vazio, porque nas sociedades democráticas a compaixão geral por todos os seus membros encontrou um contexto propício ao seu desenvolvimento, apesar de os homens raramente se dedicarem uns aos outros.
Nestas sociedades, refere o autor, o individualismo produziu dois efeitos inversos, mas complementares: a indiferença ao outro e a sensibilidade à dor do outro.
Por isso, reagimos aos conflitos armados, ao terrorismo, aos extremismos, às catástrofes ambientais, aos atentados às minorias étnicas e aos povos indígenas, às catástrofes humanas como são exemplo as migrações, à violação dos direitos das mulheres, idosos e crianças de todo o mundo que, em conjunto, são fenômenos que marcam a nova ordem social violenta nascida da Grande Guerra e que comprometem a noção contemporânea dos direitos humanos, a qual culminou, em 1948, com a Declaração Universal.
Direitos Humanos, Grupos Vulneráveis E Violências Vol. II mostra-nos que os seus autores/as “têm o dom especial de ver ao longe”. Esta afirmação, significa, segundo Almada Negreiros, que o campo de ação de todos estes protagonistas a partir desta obra está além da nossa existência, isto é, no futuro.
Este legado conta com 15 capítulos onde são abordados os temas da aplicação das cláusulas de exclusão; a proteção de refugiados e de solicitantes de refúgio; a garantia dos direitos dos idosos nas instituições de longa permanência; o acesso à justiça; o abandono afetivo inverso; a gestão de pessoas e envelhecimento; a guerra à drogas e controle social; a colonização, violência e trauma; a participação indígena na eleição brasileira de 2018; os vazios urbanos na cidade do Rio de Janeiro; a violência sexual e de gênero; o trabalho escravo contemporâneo; os direitos de pessoas sem abrigo, entre outros temas socialmente relevantes.
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