
A pesquisa partiu de inquietações e questionamentos que acompanharam minha formação e atuação como arquiteta urbanista, aliados a uma variedade de percepções e interesses, particularmente o fascínio pelas utopias, pelas cidades e por diferentes campos da arte e suas imagens urbanas, em especial, literatura, Histórias em Quadrinhos (HQs) e cinema.
A primeira questão que impulsionou minhas investigações foi: a utopia realmente chegou ao fim? Aprofundando-me nesta questão, percebi a complexidade e variabilidade dos estudos utópicos e das criações utópicas, percepção que confluiu com minha constatação de que eu já vinha embaçando as fronteiras entre os campos da arte ao identificar meus blocos referenciais que agrupavam, sem distinção, material cinematográfico, arquitetônico-urbanístico, literário e quadrinístico. Deparei-me, neste primeiro momento, com um vasto e rico material, potente em todas as suas formas.
A partir de então, tomando as utopias como condutoras e explorando as imagens utópicas criadas pelos campos acima indicados, me propus a pensar sobre a cidade e sua produção, não perdendo de vista a contextualização e as condições históricas que impulsionaram suas criações. Busquei mostrar como estas imagens são uma forma de discurso, uma forma de posicionamento, cada qual em relação a contextos, meios, campos, acontecimentos.
O discurso das imagens e como estas se aproximam e se entrelaçam independentes do campo em que são criadas conduziram a composição do trabalho. Meu propósito foi ir para além da tomada da imagem como representação e romper com a visão redutora das imagens como ilustrações, como complementos. Parti da tomada da imagem como abertura e assim me apoio nas relações entre imagens, campos e contextos, que busquei, de formas diferentes, cartografar.
Incapaz de estabelecer um recorte temporal mais limitado – trabalhei com 500 anos de utopias – e ciente das fragilidades de uma visão panorâmica, provavelmente os leitores se lembrarão de obras não contempladas. A amplitude da abordagem se fez necessária, principalmente, devido as buscas por articulações, aproximações e pela compreensão de diferentes formas de pensar. Entendo e exponho, no bloco “Utopias”, a criação de utopias como forma de pensar.











