De 06 de abril a 10 de julho de 1994 ocorreu em um pequeno país centro-africano chamado Ruanda uma matança indiscriminada de milhares de indivíduos da etnia tutsi perpetrada pelos hutus com os quais convivem.
As Flores do Ruanda é um romance que relata a épica jornada de um ano de duração de uma médica americana, Dra. Isabelle, inserida em um contexto hostil de guerra civil a serviço da Cruz Vermelha Internacional.
O seu contato com os pigmeus africanos denominados twas nos apresenta este povo sofrido que, sem ao menos perceber as razões da matança generalizada, foi impiedosamente chacinado.
Expulsos do Ruanda pelos hutus, os tutsis se organizam no exílio do Uganda e fundam a Frente Patriótica Ruandesa, grupo guerrilheiro armado que invade o país a partir do Norte, em busca da retomada do poder político central.
Este esforço demanda intensas contendas e batalhas sangrentas, motivando a retaliação hutu por meio do genocídio ruandês, que visou o extermínio da etnia opositora.
No dia 6 de abril de 2004, eu estava novamente no Ruanda, uma pequena república soberana da África Central que faz fronteira ao norte com Uganda, sul com Burundi, oeste com o Congo (antigo Zaire) e leste com a Tanzânia. Era a segunda vez que visitava o país e, desta feita, com o objetivo de superar alguns traumas decorrentes da minha primeira estada dez anos antes. Aquela seria uma experiência redentora e confesso que precisei de muita coragem para voltar, pois iria reviver uma época no meu passado repleta de memórias desagradáveis que me marcaram profundamente.
Quando saí do país africano pela primeira vez, em 1994, meu pai, um senador americano, colocou-me para fazer análise com um terapeuta behaviorista amigo havia muito tempo da nossa família e conhecido em todos os Estados Unidos da América. Foi este profissional quem me aconselhou a realizar uma segunda visita a Kigali, a capital ruandesa. Eu não me considerava uma mulher tão problemática a ponto de condicionar minha preciosa felicidade aos conselhos que ouvia deitada sobre um divã de um psicanalista amalucado. Por outro lado, como o meu pai quis tanto que eu seguisse aquela terapêutica, não me opus ao seu desejo, pois, na condição de boa filha, amava-o e gostava quando ele aprovava algo que eu fazia.