Racionalidade E Retórica

A tese que se segue consiste numa tentativa de formular uma ponte teórica entre os conceitos de racionalidade instrumental e de retórica.

A tese que se segue consiste numa tentativa de formular uma ponte teórica entre os conceitos de racionalidade instrumental e de retórica, com a qual seja possível usar o campo da linguagem persuasiva como base para pensar um modelo descritivo de razão aplicável ao problema da ação coletiva.

O modelo retórico da racionalidade se constrói a partir da polaridade entre duas vertentes clássicas criticamente comparadas: 1) as teorias da escolha racional e 2) a teoria habermasiana da ação comunicativa.

Ao tratar o problema da racionalidade da ação coletiva dentro do paradigma da linguagem a tese coloca a noção de persuasão como o requerimento central da agregação de agentes racionais, em oposição tanto à ideia de cálculo econômico subjetivo, quanto à da comunicabilidade pura, conforme Habermas. Uma noção geral que preside essa investigação liga-se à proposição de operar conceitualmente sobre o problema da ação coletiva por meio de uma visão descritiva, e não normativa, da racionalidade.

O foco do trabalho discute como agentes racionais usam intersubjetivamente retóricas para criarem contextos de identidade e ação conjunta, para a provisão de bens coletivos e a superação de males coletivos. Uma ação racional e eficaz depende de informações adequadas para os cálculos do agente, no entanto tais informações só existem em discursos manipulados pelas intenções persuasivas dos atores em jogo.

O trabalho se desenvolve em 5 capítulos, sendo o primeiro a postulação da necessidade de superar os paradoxos da escolha econômica relativos à ação coletiva, classicamente formulados por Olson, usando as possibilidades analíticas da leitura discursiva da razão.

O capítulo segundo provê uma reconstrução do conceito de racionalidade instrumental, e o terceiro cuida de fundir o modelo descritivo de racionalidade instrumental com conceitos das teorias da argumentação e da retórica. O modelo concentra-se, sobretudo, nos aspectos lógicos do processo de persuasão, basicamente nos pontos relativos à criação de raciocínios a partir do uso de padrões de argumentação (tópicos) e de entimemas. A base teórica deriva de uma reflexão dos conceitos centrais da Retórica, de Aristóteles, balizada com questões da teoria contemporânea da argumentação, essencialmente referenciada em Perelman e S. Toulmin.

No capítulo quarto há um teste empírico do modelo retórico, identificando estratégias argumentativas de um conjunto de cidadãos sobre um problema de ação coletiva: o voto para Presidente nas eleições de 1998. O modelo descreve, em termos de conceitos da retórica e da razão instrumental, as falas de cidadãos comuns, confrontados num debate sobre a agregação de votos em torno de um candidato.

O capítulo quinto retoma os problemas colocados pelo capítulo primeiro e avalia as implicações e limitações do modelo em termos de sua distância, quer da escolha racional, quer dos construtos de uma filosofia de tipo habermasiano, além de indicar uma crítica à ideia da racionalidade econômica como base teórica da ciência política.

A conclusão central da tese indica que o analista será tão mais capaz de explicar os problemas da ação coletiva quanto mais consiga identificar os formatos retóricos que programam os atores numa direção. A identidade entre racionalidade e linguagem torna-se, como pretende este estudo, o meio de figurar a construção da ação política. Retomar a razão como um meio de criar a sociedade pela linguagem implica conceber a ação, não mais como fruto de racionalidades egoístas, porém como resultado de movimentos intersubjetivos estruturados por conjuntos de argumentos intercambiáveis no debate público.

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A tese que se segue consiste numa tentativa de formular uma ponte teórica entre os conceitos de racionalidade instrumental e de retórica.

A tese que se segue consiste numa tentativa de formular uma ponte teórica entre os conceitos de racionalidade instrumental e de retórica, com a qual seja possível usar o campo da linguagem persuasiva como base para pensar um modelo descritivo de razão aplicável ao problema da ação coletiva.

O modelo retórico da racionalidade se constrói a partir da polaridade entre duas vertentes clássicas criticamente comparadas: 1) as teorias da escolha racional e 2) a teoria habermasiana da ação comunicativa.

Ao tratar o problema da racionalidade da ação coletiva dentro do paradigma da linguagem a tese coloca a noção de persuasão como o requerimento central da agregação de agentes racionais, em oposição tanto à ideia de cálculo econômico subjetivo, quanto à da comunicabilidade pura, conforme Habermas. Uma noção geral que preside essa investigação liga-se à proposição de operar conceitualmente sobre o problema da ação coletiva por meio de uma visão descritiva, e não normativa, da racionalidade.

O foco do trabalho discute como agentes racionais usam intersubjetivamente retóricas para criarem contextos de identidade e ação conjunta, para a provisão de bens coletivos e a superação de males coletivos. Uma ação racional e eficaz depende de informações adequadas para os cálculos do agente, no entanto tais informações só existem em discursos manipulados pelas intenções persuasivas dos atores em jogo.

O trabalho se desenvolve em 5 capítulos, sendo o primeiro a postulação da necessidade de superar os paradoxos da escolha econômica relativos à ação coletiva, classicamente formulados por Olson, usando as possibilidades analíticas da leitura discursiva da razão.

O capítulo segundo provê uma reconstrução do conceito de racionalidade instrumental, e o terceiro cuida de fundir o modelo descritivo de racionalidade instrumental com conceitos das teorias da argumentação e da retórica. O modelo concentra-se, sobretudo, nos aspectos lógicos do processo de persuasão, basicamente nos pontos relativos à criação de raciocínios a partir do uso de padrões de argumentação (tópicos) e de entimemas. A base teórica deriva de uma reflexão dos conceitos centrais da Retórica, de Aristóteles, balizada com questões da teoria contemporânea da argumentação, essencialmente referenciada em Perelman e S. Toulmin.

No capítulo quarto há um teste empírico do modelo retórico, identificando estratégias argumentativas de um conjunto de cidadãos sobre um problema de ação coletiva: o voto para Presidente nas eleições de 1998. O modelo descreve, em termos de conceitos da retórica e da razão instrumental, as falas de cidadãos comuns, confrontados num debate sobre a agregação de votos em torno de um candidato.

O capítulo quinto retoma os problemas colocados pelo capítulo primeiro e avalia as implicações e limitações do modelo em termos de sua distância, quer da escolha racional, quer dos construtos de uma filosofia de tipo habermasiano, além de indicar uma crítica à ideia da racionalidade econômica como base teórica da ciência política.

A conclusão central da tese indica que o analista será tão mais capaz de explicar os problemas da ação coletiva quanto mais consiga identificar os formatos retóricos que programam os atores numa direção. A identidade entre racionalidade e linguagem torna-se, como pretende este estudo, o meio de figurar a construção da ação política. Retomar a razão como um meio de criar a sociedade pela linguagem implica conceber a ação, não mais como fruto de racionalidades egoístas, porém como resultado de movimentos intersubjetivos estruturados por conjuntos de argumentos intercambiáveis no debate público.

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