
Em Assentamento Rural: Reforma Agrária Em Migalhas, a autora analisa o processo de mudança de posição social de trabalhadores rurais assalariados para produtores rurais agrícolas mercantis, no quadro da aplicação do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), de 1985, transformação possível diante da falência e da desapropriação da área agrícola de uma das usinas da região.
Focalizando o processo de construção de um ator social e de sua respectiva posição, expressões do encontro de mundos que, por múltiplas mediações, se tocam mas não se confundem, a autora analisa as expectativas, os projetos e os interesses dos diversos agentes que, direta ou indiretamente, dele participaram.
As virtualidades desta perspectiva de análise fazem revelar os desdobramentos e as alternativas que acompanham e são propiciadas por esse processo de transformação de posições sociais; e trazem à cena os novos atores e os múltiplos mediadores que nele emergem.
O estudo do processo de mudança de posição social dos trabalhadores (assalariados) da usina em pequenos produtores agrícolas é bastante significativo para o entendimento das relações sociais que subjazem à produção de cana e de açúcar nessa região. Em se tratando de uma situação de ruptura com o sistema de regras posto em prática por uma das usinas, propiciou aos ex-trabalhadores certa desnaturalização de princípios de internalização da ordem social. Por esta via, também o entendimento do modelo de dominação e trabalho que tem vigência na Região Açucareira de Campos.
Outrossim, tal processo de desapropriação de terra de usina para reforma agrária, enquanto desdobramento das formas de luta dos assalariados rurais integrados a essa produção, representou uma solução singular, não só para os diretamente beneficiados, mas também para os demais. Colocou, assim, problemas novos para os usineiros e os proprietários de terra vinculados à agroindústria açucareira.











