
O subtítulo deste livro talvez necessite de maior explicação que seu próprio título, tendo em vista alguns dos termos – como “natureza” e “estrutura” – que ali aparecem associados a uma concepção pragmática dos modelos científicos, concepção que enfatiza o uso de modelos por parte das comunidades científicas na prática de investigação.
A ênfase principal das discussões sobre os modelos científicos a serem apresentadas neste livro é certamente pragmática, o que pode sugerir que não seria então o caso de falarmos da natureza e da estrutura de tais modelos, o que, à primeira vista, seria mais apropriado em uma abordagem mais especulativa (ou metafísica), abordagem que a postura pragmática não poderia – nem deveria – contemplar, diríamos. O que é próprio ou não da postura pragmática, por sua vez, também é um assunto que devemos comentar nesta Introdução e nos capítulos a seguir.
Mas vejamos antes em que medida essa postura também pede – ou talvez, melhor dizendo, não possa evitar – comentários sobre as questões a respeito da natureza e da estrutura dos modelos científicos, mesmo que isso seja entendido em associação com as questões sobre seu uso na prática científica. Os modelos científicos serão caracterizados aqui como entidades abstratas – e este é, de fato, um tema para a metafísica (ou ontologia, como muitos preferem dizer hoje).
Mas estamos aqui no domínio da filosofia da ciência e, logo, não deveríamos dar espaço para questões metafísicas de forma tão direta, argumentariam muitos, por sua vez, e com certa razão. Pelo menos as questões metafísicas não deveriam desde o início ser parte integrante das principais discussões da filosofia da ciência. Não é este o caso, contudo.
Assim como outros tipos de modelos, os modelos científicos são estruturas abstratas; e não há como falar de estruturas abstratas sem esclarecer desde logo o que se entende por elas, ainda que uma discussão mais pormenorizada venha a ser feita adiante, no capítulo 8.











