
A Revolução Social E A Sua Interpretação Anarquista foi tema que aí pelos 39 tratei num manuscrito que fiz circular entre os meus camaradas do Movimento Libertário então presos no Tarrafal. A ideia de tratar este tema de uma maneira mais copiosa e mais objetiva, tive a sempre presente e cheguei mesmo a pensar publicá-la mais
disfarçadamente nos últimos anos do fascismo.
Claro que não o fiz e foi depois de uma longa série de incitamentos que em aturada correspondência com o meu amigo e camarada Edgar Rodrigues a isso me atrevi, escrevendo-o no ano 71 e com a ideia de publicar no Brasil. Entretanto comecei a escrever o livro agora também publicado, quis dar a esse meu trabalho um cunho de episódios, com a intenção de fornecer elementos para a história do Movimento, trabalho que Edgar Rodrigues se propõe fazer.
Neste modesto trabalho pretendemos fazer um estudo preliminar dos fundamentos do que nós consideramos ser a verdadeira revolução social. Não é um trabalho completo nem isento de defeitos, pois o tema é demasiado vasto e ambicioso, para a nossa modesta condição e pobreza de recursos, mas pode constituir incentivo para que outros em melhores condições que nós de futuro o possam fazer. Isto está certo, mas o que não menos certo é quem dá o que tem e faz o que pode não é a mais obrigado…
Com o 25 de Abril toda uma literatura política tem vindo a lume, já antes as livrarias nos davam conta de uma vasta fermentação revolucionária e nos últimos meses têm excedido quanto se poderia imaginar! Isto é verdade mas verdade é também que a esta literatura tem presidido certa discriminação oportunista, quando é certo que a literatura anarquista é quase nula e parece que ninguém está interessado em publicá-la, para que um povo que está durante 50 anos privado de livre expressão de pensamento possa penetrar, tirando proveito desta liberdade, na literatura anarquista.











