
A Vida Das Plantas
- Biologia, Botânica, Filosofia
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Emanuele Coccia - A Vida Das Plantas: Uma Metafisica Da Mistura
Pouco falamos delas e mal sabemos seus nomes. A filosofia as negligenciou desde sempre, com desprezo mais do que por distração.
São o ornamento cósmico, o acidente inessencial e colorido relegado às margens do campo cognitivo.
As metrópoles contemporâneas as consideram os bibelôs supérfluos da decoração urbana. Fora dos muros da cidade, são parasitas — ervas daninhas — ou objetos de produção em massa.
As plantas são a ferida sempre aberta do esnobismo metafísico que define nossa cultura. O retorno do recalcado, de que é necessário nos livrarmos para nos considerarmos diferentes: homens, racionais, seres espirituais.
Elas são o tumor cósmico do humanismo, os dejetos que o espírito absoluto não consegue eliminar. As ciências da vida também as negligenciam. “A biologia atual, concebida com base no que sabemos sobre o animal, praticamente não leva em conta as plantas”; “a literatura evolucionista padrão é zoocêntrica”.
E os manuais de biologia abordam “de má vontade as plantas como ornamentos sobre a árvore da vida, mais do que como as formas que permitiram a essa árvore sobreviver e crescer”.
Não se trata simplesmente de uma insuficiência epistemológica: “enquanto animais, nos identificamos muito mais imediatamente com os outros animais do que com as plantas”.
Assim, os cientistas, a ecologia radical e a sociedade civil estão engajados há décadas na liberação dos animais, e a denúncia da separação entre homem e animal (a máquina antropológica de que fala a filosofia) se tornou um lugar comum do mundo intelectual.
Mas parece que ninguém jamais quis contestar a superioridade da vida animal sobre a vida vegetal e o direito de vida e de morte da primeira sobre a segunda: vida sem personalidade e sem dignidade, esta não merece nenhuma empatia benevolente nem o exercício do moralismo que os seres vivos superiores conseguem mobilizar.
Nosso chauvinismo animalista se recusa a ir além de “uma linguagem de animais que não se presta ao relato de uma verdade vegetal”. Nesse sentido, o animalismo antiespecista não passa de um antropocentrismo que interiorizou o darwinismo estendendo o narcisismo humano ao reino animal.
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