Apesar dos inúmeros trabalhos, acadêmicos ou não, sobre a promoção dos direitos humanos no país, a compreensão da sua trajetória em sentido amplo e a defesa da sua implementação de fato, enfrentamos esse dissenso com parcelas da sociedade brasileira. É o bom combate que devemos assumir.

Nesse sentido, este volume da coletânea Pernambuco Na Mira Do Golpe que o leitor tem nas mãos articula importantes temas do Brasil Recente, a saber: direitos humanos, política e sociedade e acervos. E com isso se soma a essa luta de historicizar os direitos humanos no Brasil, sua importância e a necessidade de que sejam priorizados na democracia para que os fatos analisados nos capítulos não se repitam nunca mais.

Uma outra importante contribuição do livro que gostaria de destacar diz respeito ao fato de que o conjunto de capítulos analisam de maneira multidisciplinar o impacto da ditadura em Pernambuco, como o governo atuou na repressão no estado. Da mesma maneira que analisa como a sociedade se movimentou entre a resistência ao regime e o consenso aos feitos ditatoriais em um arco temporal que abrange os primeiros dias após o golpe de 31 de março de 1964 até o período da transição.

E ao fazer isso convida o leitor a conhecer os acervos documentais pelos quais foi travada uma longa luta pela sua localização, recuperação e abertura ao público consolidada pela Lei de Acesso à Informação (nº12.527), assinada pela presidenta Dilma Rousseff, em 18 de novembro de 2011, quando também sancionou a lei que criou a Comissão Nacional da Verdade. Devemos, portanto, reconhecer que o direito à informação é um direito humano que se articula às demandas por memória, verdade e justiça. Trio tão caro aos pesquisadores das ditaduras, militantes e atingidos direta e indiretamente pelas ações da repressão.

Em tempos de crescimento do índice de violência no país, especialmente contra grupos subalternos e políticos, esta obra cumpre um relevante papel acadêmico e social, como devem ser as pesquisas sobre temas sensíveis, e nos convida a refletir não apenas sobre os anos de chumbo, mas sobre a democracia que estamos construindo.

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